"Recordando o Passado" com Clímaco Ferreira da Cunha

Hoje dou-vos a conhecer mais um Jorgense que para além da sua vida profissional e familiar conseguiu concretizar um dos seus sonhos de sempre. Falo-vos do Sr. Clímaco Ferreira da Cunha, nascido a 22 de Outubro de 1942, que recentemente escreveu e apresentou o seu primeiro livro, "Recordando o Passado".
Com uma liguagem simples e direta descreve as vivências de outrora.
O que começou (pensava eu!), por ser uma "entrevista", acabou por ser uma conversa muito interessante.
"Como sabem não sou escritor, não sou historiador nem nada que se pareça além de que não tenho formação académica.
Apenas sou um apaixonado por transmitir e manter viva a nossa cultura, passado e testemunho do quanto foi difícil a vida dos nossos Pais e Avós na nossa Ilha, sendo esse o tema deste livro."
Passo a "adoçar-vos a boca" com pequenos excertos da primeira história que está presente no livro e que o Sr. Clímaco partilhou comigo.
"Julgo que hoje os nossos filhos embora sabendo o que é o avental, não sabem por certo a grande utilidade que teve essa peça simples quando usado pelas nossas Avós.
O uso principal do avental era para a avó proteger o seu vestido, pois ela não possuía muitos, e o avental era mais fácil de lavar e feito de fazenda mais barata. Muitas vezes quando estava um pouco sujo era voltado do avesso e assim contribuía para se poupar, pois nesse tempo o poupar era apanágio de toda a gente.
Quando o luto obrigava havia um cuidado extremo, todo o avental e algibeiras eram ornamentados com o preto, símbolo de dor, da tristeza e da saudade.
Além disso, o avental servia, de pegas para retirar as panelas do forno, era ideal para enxugar as lágrimas dos netos, e em algumas ocasiões, usado para limpar orelhas e narizes sujos e até mesmo para limpar as sobras do rapé (tabaco em pó utilizado para cheiro, sobretudo por pessoas de idade) do nariz da própria avó.
O avental servia para levar o milho ao galinheiro e no regresso para trazer os ovos, os pintainhos pequenos e às vezes ovos já meio chocos para acabarem a sua incubação no cesto no canto da cozinha debaixo da galinha choca..."
"...Quando alguma visita inesperada aparecia a subir a rua, era surpreendente ver como a avó usava essa peça, para limpar o po da mobília, nos sítios mais visíveis, em poucos segundo..."
"...Levará muito tempo, mesmo com a nova tecnologia, para que seja inventado algo, tão útil e que uma só peça possa substituir o velho avental que tanta utilidade tinha."  
Importante referir-vos também o seguinte.
"Dou a saber que este livro vai ser posto à venda no meu estabelecimento..." "...os valores arrecadados nessas vendas, vão num todo e diretamente para o " Centro de actividades ocupacionais da Santa Casa da Misericórdia."
Devo dizer que o Sr. Clímaco já prepara o segundo livro para sair no início de Março, cá ficamos à espera!
Quero agradecer a amabilidade com que me recebeu, Sr. Clímaco, o meu muito obrigado!
São estes acontecimentos que nos fazem, nós Açorianos, um Povo singular!


Um abraço deste Calhetense!

Fontes: 
"Recordando o Passado" de Clímaco Cunha 
 Jorge Oliveira

1 comentário:

  1. Parabéns pelo post! Certamente um livro que vale a pena ler. O valor das coisas está na importância que lhes damos, e certamente hoje em meras coisas como um avental não têm a dia importancia que pelos vistos deveriam ter!! Ficamos à espera de mais :)
    Bom trabalho!!

    ResponderEliminar