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As Termas do Carapacho - Lenda


Há muitos anos atrás, vivia no lugar do Carapacho, na ilha Graciosa, um lavrador que tinha duas ou três vaquinhas para lhe lavrarem as terras e darem o leite para os gastos de casa.
Um dia, a vaca mais bonita e mansa apareceu triste e doente, deixando os donos muito preocupados. O lavrador e a mulher fizeram todas as mezinhas que conheciam, deram-lhe a beber chá de bálsamo amarelo, de poejo e de alecrim, fizeram defumadouros, lavaram-na e deram-lhe clisteres com chá de malvas. Consultaram o curioso das redondezas. Por fim, chegaram mesmo a ir a casa de uma pessoa que fazia benzeduras. Mas a vaca continuava a definhar e, passados alguns dias, já era só pele e osso, não podendo quase suster-se de pé.
Convenceram-se, por fim, de que nada havia a fazer e, embora com grande desgosto, resolveram ir levar a vaca para longe de casa, para o lado da Ponta da Restinga.
Enquanto a mulher se lamuriava e despedia do animal, o lavrador atou uma corda ao pescoço da vaca e pôs-se a caminho com ela, na ideia de a deixar morrer ou alguém mais corajoso a abater, longe dos olhares das crianças, em lugar distante de casa e num cerrado onde pudesse ser enterrada.
A certa altura do caminho, passou por uma fonte de onde água doce e morna corria para o chão. A vaca mostrou-se sequiosa e o lavrador chegou-a à água. Logo que se saciou, o olhar triste do animal foi-se animando e o seu aspecto começou a melhorar ligeiramente.
Juntou-se gente e todos diziam:
- Ora agora, a vaca está a melhorar. Foi da água!... Só pode ter sido da água.
O lavrador, mais animado, resolveu voltar para casa. Passaram a ir buscar água à dita fonte para dar de beber à vaca. Passados poucos dias, a vaca já estava melhor. As pessoas sabendo o que tinha acontecido, acreditaram que aquela água era milagrosa e assim começou a ser dada a animais e pessoas como cura para os seus males.
A notícia foi-se espalhando e, desta forma natural, os graciosenses ficaram a conhecer o poder medicinal daquelas águas, que mais tarde foram aproveitadas e passaram a ser conhecidas como “Termas do Carapacho”. Ali se iam banhar muitas pessoas e se curavam de muitas doenças, principalmente do reumatismo.



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