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Lenda da descoberta de Santa Maria


Estava-se no século quinze, uma época em que a ânsia de descobrir novas terras dominava muito portugueses e à frente de todos estava o Infante Don Henrique, fundador da escola náutica de Sagres. Gonçalo Velho Cabral, marinheiro querido do Infante e frade muito devoto de Nª.Senhora, saíu de Portugal e fez-se ao mar, fazendo promessa de baptizar a primeira terra que encontrasse com o nome da Mãe Santíssima.
A viagem foi custosa e demorada, mas a esperança não faltava e, por isso, o vigia, no cesto do mastro, olhava desde a madrugada até ao anoitecer para o horizonte, animado pela ideia de que um dia, inesperadamente, uma nova terra iria aparecer. Gonçalo Velho e os outros marinheiros rezavam muito a Nª.Senhora.
Entre calmarias e tempestades chegou o Verão, mais propriamente o dia de Nª.Senhora de Agosto. A manhã começou a raiar, clara e suave. O gajeiro já estava no seu posto de trabalho na gávea e olhava em frente. Uma nuvem diferente apareceu, foi ganhando forma e, em vez de se desfazer, tornou-se cada vez mais real. A dada altura o marinheiro de vigia não teve mais dúvidas. Ficou sufocado de espanto e pronunciou só para si:
- Oh! É terra que está ali...
Depois, com toda a força do seu corpo e da sua alma, elevou a voz para que todos pudessem ouvir e gritou: -Terra à vista! Terra à vista! Terra à vista!
Gonçalo Velho, os frades e os restantes marinheiros tinham começado o dia, como sempre, rezando o terço para que Nª.Senhora os protegesse e lhes deparasse o que procuravam. Quando o gajeiro lançou o grito, já tinham rezado a "Avé-Maria" e nesse preciso momento, pronunciavam "Santa Maria".
Houve grande alegria entre os marinheiros que se abraçavam comovidos.
Gonçalo Velho considerou ter-se dado um milagre de Nª.Senhora a lembrar-lhe a promessa que tinha feito.
Aproximaram-se de terra, puseram pé na primeira ilha dos Açores a ser encontrada e logo ali a baptizaram de "Santa Maria", expressão que os marinheiros pronunciavam quando a ilha foi avistada.
Esta fé de Gonçalo Velho passou para os marinheiros que ainda hoje têm grande devoção a Nª.Senhora e festejam efusivamente Santa Maria de Agosto.



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