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Antero de Quental - A Voz de Outono

Antero de Quental


Antero Tarquínio de Quental foi um escritor e poeta açoriano. Nasceu na ilha de São Miguel, a 18 de Abril de 1842, mas aos seus 16 anos mudou-se para Coimbra, de forma a poder concluir os seus estudos em Direito. Dedicou grande parte da sua vida à poesia, filosofia, mas também a questões políticas e ideais socialistas.
Antero de Quental sofria de bipolaridade e devido ao seu estado decidiu regressar a São Miguel, no mês de Junho de 1891. No dia 11 de Setembro desse mesmo ano suicidou-se com um ou dois tiros, num banco de jardim, junto ao Convento da Esperança.
Os seus restos mortais podem ser encontrados no Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.


Voz de Outono

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!» —

Antero de Quental, in "Sonetos" 

Sara Luís

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