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O último Albardeiro ou Correeiro da Ribeira Grande – Carlos Paiva

Carlos Paiva

Carlos Paiva é neste momento o último correeiro da Ribeira Grande, tem 79 anos e continua com a sua lojinha aberta desde 19 de Junho de 1953, data que se pode ver na placa que mantem por cima da porta da sua loja.

Geralmente é pouco visitado, por não saberem que tal loja ainda existe, mas quando é visitado fica muito alegre e satisfeito e conta sempre a história da sua vida, mostrando as peças que faz ou que já fez, que guarda com muito carinho, é uma profissão que na altura da juventude de Carlos era muito procurada, pois a sua profissão baseia-se na produção de material para cavalos, burros, carroças, tudo o que os animais de transporte necessitam, hoje em dia já a utilização de animais para transporte já não é muito usada, mas ainda aparece alguém que segue a tradição antiga.

 Ao passarem por lá, são logo bem recebidos, Carlos diz sempre “Entre, entre”, abres as suas pequenas portas verdes e manda entrar. Recebe sempre bem quem por lá passa e então conta a sua história de vida, mostra as suas albardas e selas e calhas de carroça vermelhas colocadas uma a uma numa prateleira, mostra-nos ainda as antigas andilhas, são cadeiras forradas de vermelho usadas antigamente para as senhoras se sentarem nas carroças.

Conta-nos então como a vida não foi fácil, conta como ficou sem pai apenas com 8 anos de idade, aprendeu a ser correeiro, mas o dinheiro era insuficiente, nem para umas meias ou mesmo uns sapatos novos o dinheiro dava.


Aos 18 anos um senhor empresta-lhe 500 escudos para que ele pudesse criar a sua barraquinha e até aos dias de hoje agradece e reza sempre pela alma daquele homem, que o ajudou a criar um futuro.

Conseguiu então mudar-se para o lugar que hoje está, tem a sua casa e a sua loja, com muito sacrifício e ajuda de sua mulher e sua mãe. Infelizmente hoje em dia a procura destes produtos diminuiu, não trazendo qualquer rendimento sustentável para uma vida normal, felizmente Carlos ainda vai fazendo algumas coisas para vender, poucas, mas ainda faz, tem a sua casa e vive feliz com a sua mulher, adora o seu trabalho e não desiste dele enquanto puder, é sempre bom recordar pessoas que muito contribuíram para o evoluir daquela ilha, São Miguel, Cidade da Ribeira Grande.

E sempre que por lá passar visitantes, enquanto for possivel, ele contará sempre a sua história de vida, por seu um gosto seu e gostar de partilhar os momentos que viveu.



Mónica Martins


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