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Cultura do Chá na ilha de São Miguel - Chá "Gorreana"

Fábrica - Chá Gorreana (Andreia Goulart)
Plantação de Chá (Andreia Goulart)
O chá tem a sua origem na China. E foi certamente, introduzido na Europa e Brasil pelos navegadores e descobridores portugueses. No entanto foi o tráfego comercial e holandês que o tornou mais conhecido na Europa. A Companhia das Índias Orientais, inglesa deu a conhecer as propriedades destas folhas e divulgou a sua cultura. As várias tentativas da cultura do chá na Europa falharam devido ao seu clima frio.
"Diz-se que o Imperador da China, no séc XIX, quando D.João VI assentou a corte, no Rio de Janeiro, lhe enviou um valioso presente da planta do chá, acompanhada de peritos para implementarem a sua produção e ensinarem a manipulação da folha. Devido ao clima, esta adquiriu grande desenvolvimento e uma excelente qualidade, especialmente no Maranhão e Rio de Janeiro. A fama do chá Brasileiro divulgou-se de tal forma, que muitos países europeus enviaram ao Brasil agentes entendidos e naturalistas para se inteirarem no seu cultivo e produção." (Escola secundária das Laranjeiras O Chá p.3)

A história da introdução do chá em S. Miguel, confunde-se com a da vida das  famílias micaelenses. Neste momento é  a família Mota e, mais preponderantemente, Hermano Mota, quem impulsiona a plantação.
As primeiras sementes do chá (Camelia Sinensis) foram indroduzidas em São Miguel, pelo comandante da Guarda Real de D.João V, Jacinto Leite Pacheco, que as trouxe do Brasil, por volta de 1820.
 O seu cultivo foi depois incentivado pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, que, como resposta à crise da laranja (a partir de 1872), mandou vir em 1878, dois chineses para S.Miguel. Estes trouxeram mais semente para a plantação e ensinaram as complexas tarefas da sua preparação.
A plantação da Gorreana inicia a sua produção em 1874  e, em 1883, consegue o primeiro quilo de chá seco. Assim surge o chá Gorreana, pelas mãos de Hermelinda Pacheco Gago da Câmara. E apesar dos filhos que teve, o Gorrreana acaba por ficar para a sua neta Angelina. É ela que vem a casar com Jaime Hintze (s sua família, de origem alemã, veio para Portugal no século XVIII) que se entregou à plantação e proporcionou o seu crescimento. Jaime construiu ainda a Central hidroeléctrica; se não fosse esta medida, talvez o Gorreana não tivesse sobrevivido. As outras plantações e fábricas não tinham este recurso, ficando apenas com a máquina a vapor. Isto tornou-se limitativo, tanto no preço da energia, como no recurso à mecanização, dado que só em meados dos anos sessenta houve distribuição de energia elétrica nas aldeias. Além disso, Jaime foi o primeiro fabricante Açoriano a conseguir a marca registada em pacotes.
O filho de Jaime e Argelina, Fernando, casa com Berta Ferreira Meireles. E continua a obra do pai, comprando grande parte das máquinas que, estão ainda em funcionamento. Mas vai mais mais longe e constrói uma central termoeléctrica, uma alternativa à hidroeléctrica. Fernando morre muito novo, deixando apenas uma filha, Margarida Hintze. Em 1966,  Margarida casa com Hermano Mota, o actual impulsionador da Gorreana.
O chá teve produções significativas nas primeiras décadas do séc passado. Na ordem das 700 toneladas por ano. No entanto, as restrições às trocas com o exterior, durante as duas grandes guerras, fizeram com que houvesse um maior investimento noutras culturas mais necessárias à subsistência . E o declínio da produção de chá foi inevitável. Dos anos 80 até há bem pouco tempo, a Gorreana era a única fábrica de chá da Europa.
"Pode saborear-se, jamais exprimir-se, a doce tranquilidade que se fica devendo a uma chávena de um bom chá."    (Imperador Kien-Kong)
Fonte de informação: Património dos Açores em Filatélia (1) - 2003 de  Manuel Vieira Gaspar
Andreia Goulart

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