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O ananás de S. Miguel


O ananás (ananassa Sativus Lindl) cultivado em estufas de vidro na ilha de S. Miguel é originário da América Central e do Sul tendo sido introduzido nesta ilha, como planta ornamental, em meados do século XIX. As primeiras explorações de carácter industrial e comercial surgiram por volta da década de sessenta do século dezanove. Actualmente, é no concelho de Ponta Delgada que se concentra o maior núcleo de estufas ainda em actividade.
                As estufas são, na sua maioria, de formato rectangular cobertas de vidro caiado formando duas águas com uma inclinação aproximada de 33º e aquecidas pelo sol. As janelas, ou “alboios”, servem para regular a temperatura e o arejamento do interior da estufa. A estufa está dividida em “tabuleiros” ou canteiros, separados ao meio por um carreiro de pedra. Estes, por sua vez, dividem-se em “vãos” marcados pelo espaço que separa cada ferro de suporte da cobertura da estufa.
© Andreia Goulart
 
                A primeira fase da cultura do ananás começa no “estufim”, uma estufa mais pequena onde se planta as “tocas”, estes bolbos escolhidos das plantas que já deram fruta são colocados na terra a uma distância de 10 cm entre cada um. Com regas constantes e temperaturas até aos 38º ao fim de cerca de um mês despontam os “brolhos”, plantio que depois será transplantado para as estufas.

© Andreia Goulart


                A terra das estufas, chamada “cama” é composta por várias camadas de terra já usada anteriormente (rica em matéria orgânica), farelo e “lenha” (folhagens trituradas de incenso, loiro e faias).
                Já nas estufas o “brolho” é disposto de maneira a que cada planta fique a uma distância de 60 cm das outras e cada planta dará um fruto apenas. Após a plantação definitiva a estufa é abundantemente regada durante duas semanas, as regas vão diminuindo progressivamente durante o crescimento da planta e do fruto até serem totalmente extintas durante a maturação do fruto.
                Cerca de 4 meses após a plantação definitiva tem lugar a operação do “fumo”. Esta operação, descoberta ocasionalmente, funciona como uma intoxicação da planta o que obriga todas as plantas a florescerem ao mesmo tempo permitindo assim uma colheita mais homogénea. Ao fim do dia, em recipientes próprios, queimam-se aparas e verduras, de modo a produzir um espesso fumo que invade toda a estufa. No dia seguinte as janelas são abertas para permitir o arejamento. Esta operação dura cerca de oito dias conforme a estação do ano.
                Em média o ciclo completo da cultura do ananás dos Açores dura 18 meses e o resultado final é um fruto de características únicas, reconhecido como o melhor ananás do mundo.

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