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A Arquitetura do Ramo Grande

Casa Rural - Canada das Fontinhas, Séc. XIX
“Ramo Grande” é a designação dada à zona plana da parte nordeste da ilha Terceira, abrangendo as freguesias de Santa Cruz, Lajes, Fontinhas, São Brás, Vila Nova e Agualva. Identifica-se pelo seu património arquitetónico, caraterizado por belas construções do séc. XVIII e XIX.

Esta arquitetura, normalmente casa de agricultores abastados, eram construídas em pedra de cantaria com reboco e apresentavam-se erguidas em cerrados junto a estradas, canadas ou até mesmo atalhos.

Vitorino Nemésio, que deu um contributo fundamental para o reconhecimento e divulgação da existência de uma arquitetura de caráter forte e individualizado na zona nordeste da Terceira e aponta alguns dos aspetos que ajudam a delimitá-la. Entre eles o tratar-se de um “habitat rural”, de ser um habitat rural que irradia uma dignidade e uma qualidade construtiva peculiares – “um tipo de habitat rural tão nobremente urbano” – e de essas dignidade e qualidade corresponderem não só às “casas mais afazendadas” mas também às de “lavradores de meias posses”. Contudo, quando se tenta circunscrever e aprofundar o tema, torna-se difícil fazê-lo sem recorrer ao auxílio da prosa inspirada e acutilante, mas de cariz eminentemente literário, do notável escritor. 

Casa Rural - Caminho de São Brás, Séc. XIX  
Como descreve Avelino de Freitas Meneses em “As Lajes da ilha Terceira”, que de entre as características arquitetónicas básicas das casas do Ramo Grande, aponta-se o desenvolvimento por dois pisos, sendo o rés-do-chão ocupado por lojas, as fachadas de tardoz, as varandas de cantaria aparelhada, que anteparam a entrada e a “rua”, e as janelas de verga redonda e com vidraça de guilhotina, todas do mesmo tamanho e rasgadas em posições simétrica relativamente à porta. A principal empena da casa ficava orientada para o caminho corrente e a frontaria alongava-se pelo prédio dentro, delimitada da restante propriedade por um pátio retangular com um muro baixo, acessível por uma pequena porta ou cancela. Estas casas encontravam-se, geralmente, orientadas para o quadrante Leste, de forma a serem iluminadas e aquecidas pelo sol nascente.

Ainda hoje em dia, no centro da Vila das Lajes, reconhecemos um corpo arquitetónico de grande expressão no quadro rural da Terceira, composto pela igreja, império, despensa, casa da junta e passal e pelos prédios mais antigos dos arruamentos principais, muitos deles enquadráveis na classificação de arquitetura do Ramo Grande.

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