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Trabalho em Vimes



A arte de trabalhar o vime, o seu processo técnico, desde a preparação da matéria-prima até às várias técnicas de confecção aplicadas numa diversidades de artefactos produzidos com funções utilitárias e decorativas, de grande importância para o quotidiano local, fazem desta arte o reflexo dos inesgotáveis dotes adquiridos pelos nossos artesões açorianos, desde a instalação do homem nas ilhas.
De entre os diversos artefactos produzidos em vime, os cestos assumem um papel primordial, quer por razões histórias, quer por razões culturais ligadas às práticas agrícola, piscatória e doméstica. 
De entre os cestos mais comuns, encontraram-se os cestos da "leiva" ou das vindimas, redondos, grandes e grosseiros; o cesto do burro, de armação em oval; o cesto do pescador, cabaz de uma tampa, e os cestos de mesa, de armação redonda, que pela sua utilização fazem deles um valioso testemunho da cestaria tradicional.

Matérias -primas e utensílios: Tem como matéria-prima o uso do vime regional, em cestos maiores, e o uso do vime chorão, em cestos menores, a tesoura de podar, o furador, o alicate, a chave de fendas, o canivete e a serra "tictic".

Processo técnico:

Cozedura: Os vimes são descascados ainda quentes, facilitando o processo com a ajuda de uma navalha, e separados por tamanhos, espessura e espécie, sendo estendidos ao alto numa "casa" arejosa, onde ficam a secar.

Pré-Confecção: antes da confecção, os vimes são tirados consoante o tamanho e tipo do trabalho e colocados de molho, de véspera, para facilitar a sua manobra.

Confecção: Começa-se por tecer o fundo do cesto, denominado "Rodilha do fundo" , cruzam-se pares de vimes consoante a sua forma, entrelaçados com fiadas torcidas de vimes, num movimento que avança do centro para a periferia, até se atingir o rebordo. De seguida, levantam-se as hastes estruturais e prendem-se com um cordel para se começar a tecer o cesto do fundo para as asas, utilizando a técnica de "trançado" , introduzindo o entrelaçado, em forma espiral fiadas torcidas de vimes, por entre os vãos das hastes estruturais, ajustadas com a ajuda de uma chave de fendas. Por fim, o cesto é arrematado com os vimes procedentes da "rodilha do fundo", sendo esta técnica designadas por "borais". Consoante a tipologia do cesto, acrescentam-se ou não a asa ou asas, com o auxílio de um forrador com o qual se abrem espaços que ajudam a entretecer e a introduzir os vimes das asas.

Tratamento: Após a confecção, são lustrados com água ráz (produto de fazer tintas) para a sua conservação e brilho.

Produtos: Cestaria, artefactos decorativos e mobiliário.

Fonte: PAP Lídia Nogueira

Ana Antunes

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