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Lenda da freguesia da Caveira - Ilha das Flores







No século dezasseis frequentemente passavam caravelas com rumo ás Américas e vindo daí também, carregadas de riqueza. Por vezes naufragavam devido ás tempestades e quase ninguém se salvava.
Numa dessas tragédias salvou-se um náufrago que foi ter a um lugar bastante acidentado e ventoso que fica a nordeste da Ilha das Flores. Esse homem chamava-se Demétrio e começou a viver nesse lugar onde casou e ficou para sempre. Como era um bom homem tornou-se querido das gentes desse lugar. Apesar de ser cristão tinha ideias heréticas. Dizia que as orações pelos defuntos não tinham valor porque a alma residia no sangue e no momento da morte se separava e tornava-se numa ave que pousava numa planta próxima do defunto. Dizia que a ave era a encarnação de Morana, a deusa da morte e que essa ave cantava enquanto o homem morre.
Um dia Demétrio já idoso, adoeceu e passado algum tempo faleceu. Nesse momento uma lavandeira pousou perto da casa dele mas não cantou para a alma dele se separar do corpo.
Passado algum tempo começou a aparecer sobre a colina uma caveira com uma luz interior que as gentes desse lugar diziam ser do Demétrio. Começaram a fazer orações e a ave tornou a aparecer começou a cantar e a caveira desapareceu. 
No alto da colina as gentes e a família construíram um nicho dentro do qual fizeram um painel representando a caveira.
O nome ficou na mente daquela gente e aquele lugar ficou a chamar-se Caveira, nome que ainda hoje se mantém como a freguesia da Caveira Ilha das Flores.

Fonte: Açores: Lendas e outras histórias de Furtado Brum

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