Páginas

Minha vida de sessenta anos - Fátima Madruga


Fátima Madruga - http://www.galeriaaberta.net/photo
"Maria de Fátima Madruga Gomes, sou eu, e fui nascer numa casa da R. da Igreja, em Santa Luzia da ilha do Pico, Açores, no dia 13 de Maio de 1955,  de minha mãe Rita da Boa Nova Madruga e meu pai José António Cabral Gomes, que foram uns excelentes pais para mim. Fui a última duma série de 4 crias.
Por volta dos meus 17 anos, o artesão Gualter Barreto explicou-me as bases da gravação em marfim e comecei a gravar para ele em medalhas de dente de cachalote, por 10 escudos cada trabalho.
Um pouco mais tarde passei a gravar para o Peter, da Horta, que vendia o meu trabalho aos iatistas que passavam na ilha.
Fui aprimorando - com não poucas lágrimas - essa arte que fora própria de baleeiros embarcadiços.

Antes disso, já minha mãe me comprara um curso de Desenho e Pintura por correspondência, que durante 3 anos fui estudando transversalmente.
Nunca gostei de seguir instruções. O meu forte foi sempre a fuga à rotina.
Em 1976 ainda ensinei algumas receitas de desenho aos alunos do Externato de S. Roque do Pico, mas mais uma vez a monotonia me afugentou e não quis continuar essa via.

Casei em  1977, tive dois filhos desse casamento. Por motivos que achei suficientes, acabei por me divorciar. Ainda voltei a ter um companheiro, com o qual tive mais dois filhos, acabando por voltar a escolher a separação, perante um cenário hostil à criação. Desta feita, fiquei por aí.
Ter sido quadrimãe foi o melhor que me podia ter acontecido.

A par disto, o meu ganha-pão foi sempre a arte -  às vezes ganha-pão, outras vezes perde-pão...
Pintura ou gravação, desenho ou gravura, escrita ou falada, para mim, o que importa é a mensagem. A mais presente, foi sempre a vida poveira, a fantasia real que eu,  em verdade, venero.

Um Portugal Intemporal foi escorrendo pelo meu rasto e rosto,  atravessado por emoções humanas, pressões e angústias cheias de esperança num mundo melhor, com paz e amor para todos.

O pintor é um fingidor? 
Sinto que nada no ser humano é fingido.
Quando alguém finge é porque uma verdade indirecta o leva a isso

Com os pincéis, a esferográfica, as teclas do computador, as mãos na tinta, vividos estes sessenta anos de vida, quero gastar os que me faltam na crescente fé de que o Ser Humano triunfará sobre as suas fraquezas e cadeias mentais.
A pintura, a poesia, o pensamento, a existência de tudo, nesta partilha do Universo, quero levar muito a serio: sorrindo.

Autodidacta sempre.

Mais do que isto? O resto é  o Tao."

Fátima Madruga
http://fatimadruga.wix.com/

Sem comentários:

Enviar um comentário