Não costumava haver areia no Calhau da Alagoa, na encosta da freguesia dos Cedros. Só na Furna da Pindoga é que se conseguia rapar pequenas quantidades que eram trazidas em sacos de arrasto vistoo a furna ser muito comprida e baixa. Era uma miséria não dava para nada.
Quando por volta de 1950, o povo e o padre queriam construir a sua igreja, a falta desse material era uma dificuldade muito grande. Não havia na Ilha das Flores onde ir buscar a areia e só se viesse do Corvo em embarcações, o que ia tornar a obra muito mais cara.
Mas mesmo assim o povo não desanimou e em 1950 foi lançada a primeira pedra e começaram as obras.
Um dia alguém do lugar foi à costa e viu que o Calhau da Alagoa tinha areia aos montões, coisa que não havia memória de ter acontecido. Percorreu o mais depressa que pôde os quase 5 quilómetros de caminho, a subir e veio dar a boa notícia. Todas as pessoas das redondezas ficaram pasmadas com o sucedido. E entre louvores ao Senhor que tal milagre tinha feito, as obras prosseguiram com entusiasmo. Alguns homens juntavam a areia aos montes, outros enchiam-na em sacos e era acartada para cima em burros, cavalos e carros de bois. Lavradores de outras freguesias das Flores deslocavam-se aos Cedros com os seus animais para ajudarem.
As obras avançaram com muito trabalho e dedicação de todos e como não havia dinheiro, os moradores da freguesia como eram lavradores davam o leite de um dia do mês para a igreja. Passados só 4 anos a nova e pitoresca igreja estava pronta.
Todos pensavam que a partir dali nunca mais faltaria areia para as construções mas para admiração de todos, acabada a igreja a areia foi rareando até que praticamente desapareceu do local e nunca mais apareceu em abundância no Calhau da Alagoa.
Fonte: Furtado Brum do Livro "Açores, Lendas e outras histórias
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