Reza a lenda que quando os árabes Tárique ibn Ziyad e Musa ibn Nusair
vieram do Norte de África para levar a cabo a invasão muçulmana da Península
Ibérica, sete bispos cristãos que viviam no norte peninsular, algures pelos
arredores de Portucale, tiveram de fugir à horda invasora. Partiram para o mar
em busca da lendária e remota ilha Antília, ou Ilha das Sete Cidades, que
segundo uma lenda já antiga nesses tempos, existia algures no Grande Mar Oceano
Ocidental.
Dessa partida mais ou menos precipitada ficou o registo na linguagem
popular, ao ponto de séculos mais tarde, já depois da Reconquista cristã, os
reis de Portugal terem manifestado o desejo de alcançar essa ilha perdida no
mar. Dizia-se que para os lados do Oriente ficava o reino do Preste João, e
para o Ocidente, no Grande Mar Ocidental ficava a ilha de Antília ou Ilha das
Sete Cidades.
Do medieval reino de Portugal partiu um dia uma caravela denominada
"Nossa Senhora da Penha de França" (nome actualmente vulgar em vários
locais e em varias ilhas dos Açores) com o objectivo de um dia encontrar essa
lendária ilha perdida e para muitos encantada.
A caravela navegou para Ocidente durante muito tempo, passou por grandes
ondas e peixes gigantes, calmarias e tempestades. E foi depois de uma dessas
tempestades, depois do desanuviar dos nevoeiros de São João, que se lhes deparou
uma ilha no horizonte. Rapidamente rumaram para a nova terra avistada e pouco
depois aportaram numa terra maravilhosa, coberta de verdes sem fim e de azuis
celestiais.
A caravela esteve fundeada por três dias, os marinheiros desembarcaram e
com eles três frades que procuraram estabelecer relações com o monarca da ilha.
Visitaram palácios, florestas, rios e lagos, e estudaram os costumes dos
locais. Escutaram e aprenderam a linguagem dos habitantes, por sinal muito
parecida com a que se falava no Portugal de então.
No final dos três dias de estadia em terra, os três frades e todos os
marinheiros voltaram para a caravela com o objectivo de voltar ao reino de
Portugal a contar ao rei a nova descoberta. No entanto, mal se começaram a
afastar da costa a ilha foi repentinamente envolta por brumas, e como que por
encanto desapareceu no mar.
Depois de narrados os acontecimentos ao rei português, este mandou uma
embaixada para estabelecer relações com a nova ilha e não a encontraram. Foram
feitas muitas buscas durante muitos séculos, até que um dia como que por
encanto a ilha se deparou novamente às caravelas portuguesas. Estranhamente,
encontrava-se desabitada, pelo que foi ocupada pelos portugueses, que deram à
caldeira.
Fonte: Lendas dos Açores
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