Em
dias já muito remotos, mais precisamente no século dezassete, andava um homem
de Ponta Delgada das Flores, na costa, no lugar do Rolo. A
certa altura apercebeu-se que o mar vinha trazendo uma coisa. Esperou algum
tempo e, por fim, o mar pôs sobre as pedras uma linda imagem de Santo
Amaro. O homem deu logo parte a outras pessoas do seu achado e trouxeram o
santo para a igreja paroquial de Ponta Delgada.
No dia a seguir, a imagem, sem que ninguém lhe tivesse tocado, apareceu
lá em baixo, próximo do lugar onde o mar a tinha depositado. Todos acharam
aquilo muito estranho e, sem saber como explicar o acontecimento, voltaram a
trazer Santo Amaro para a igreja.
Mas o santo fugia sempre lá para baixo. As pessoas já estavam zangadas e
varejavam-no com um vime para que ele viesse para a igreja. Nada conseguiam.
Para baixo o santo ia de livre vontade, sozinho, sem que ninguém lhe tocasse,
mas para cima ninguém o fazia vir, por mais vergalhadas que lhe dessem.
As pessoas começaram a pensar que o santo queria estar lá em baixo, onde
tinha dado à costa e para isso tinham que lhe construir uma ermida naquele
sítio. Com muita fé, mas também com muitas dificuldades, principalmente porque
não havia água por perto para fazer a argamassa, começaram a construir a ermida.
Acartavam a água de muito longe, da Ribeira do Moinho, de Além, de pé do
Farol.
Santo Amaro, vendo a boa vontade das pessoas, deu-lhes uma ajudinha e fez
nascer uma fonte mesmo ali, de onde a água começou a jorrar em
abundância.
Passado algum tempo a ermida estava pronta e lá puseram Santo Amaro, onde
esteve muitos anos e onde fez muitos milagres. Com o tempo a ermida começou a
degradar-se e ruiu por fim. Santo Amaro foi trazido para a igreja paroquial de
Ponta Delgada, onde continuou a ser homenageado com uma linda festa no primeiro
domingo de Setembro. Ali acorriam muitos romeiros, que tinham de sair de casa
pelas duas horas da madrugada para virem a pé, com as suas ofertas de bonecos
de massa à cabeça ou às costas.
O santo parecia que estava agora satisfeito porque aquele lugar onde
tinha aparecido era seu. Apesar da sua ermida ter desaparecido, ao sítio onde
ele tinha tido morada passou a chamar-se Santo Amaro e à fonte, que ainda hoje
corre abundantemente no Cerrado do Adro, chamou-se e ainda agora se chama Fonte
de Santo Amaro.
Fonte: Wikipédia
Silvia Vieira
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