A nossa Cátia descobriu este site ainda em construção, vejam o sêlo de qualidade com a bolacha maria e o levantamenteo etnográfico que foi feito. Sem dúvida uma referência positiva de modernização no artesanato, de 'enraizamento' na sociedade actual - este tipo de exemplos mesmo não sendo dos Açores devem ser partilhados no mural.
Os elementos que servem de base a este trabalho já estavam presentes em criações anteriores, como a dos Cabeçudos e Gigantones das Festas tradicionais de Ponte de Lima. É o mesmo mundo onírico, as mesmas nuances, o mesmo estilo decorativo na abordagem das temáticas regionalistas. Há nesta figura, Maria de Ponte, para lá da intensidade interior da autora, o registo de factos humanos, dos meandros da vida quotidiana, da alegria da luz solar. Trata-se de uma concepção poética sugerida pela cor, forma, relevo e ritmo, na evocação da mulher das nossas bandas em dia de feira e de luminárias. Podia ser de outro jeito, mas foi assim observada: encorpada, redonda, olhos esbugalhados de espanto, riso largo e matreiro ao correr do beiço, rosto afogueado, traje pitoresco, arrecadas em forma de coração. Bem se vê que está ali uma minhota desamarrada, não para sachar milho ou ir ao rabisco, mas para viver os usos e costumes, os ritos pagãos e religiosos, como a Vaca das Cordas e as Procissões, para se divertir na romaria, beber meia malga de vinho, dançar o vira, cantar à desgarrada e viajar, ida e volta, na garupa de um garrano.
Luís Dantas _http://www.mariadeponte.pt/conhecer.html