É
uma casta única no mundo e está em perigo de extinção. Na ilha do Pico existem
apenas 89 (!) cepas de Terrantez mas a missão de salvamento já está em marcha.
Com dois protagonistas: a técnica de viticultura Susana Mestre e o enólogo
António Maçanita.
Há algum tempo, os viticultores do Pico ficaram atónitos com o interesse de uma jovem técnica numa casta que eles próprios estavam a relegar para segundo plano. Susana Mestre, técnica dos Serviços de Desenvolvimento Agrário de São Miguel, estava a fazer um cadastro das castas do Pico, nomeadamente o Arinto, Verdelho e Terrantez. Depois de percorrer alguns currais, Susana rapidamente chegou à conclusão de que o Terrantez estava quase desaparecido: “era uma alegria quando encontrávamos uma cepa”, disse-nos ela. Susana ganhou uma estima especial por esta casta em perigo de extinção, até porque todos os estudos feitos indicam que não tem nada a ver com alguma das castas do continente. Nem com o Arinto, como em tempos se pensou. Iniciou-se então um processo de selecção clonal, sendo para isso destinado um campo com as típicas castas açorianas. O Terrantez está assim salvo. Mas isso não o impedia de ser uma casta em completo desuso no Pico, porque considerada de difícil viticultura pelos agricultores da região, à conta da sua sensibilidade a algumas doenças. Mas, e se o Terrantez, bem conduzido e vinificado, com as técnicas modernas, fosse uma casta de alto potencial enológico? A história adensou-se quando Susana se cruzou com o enólogo António Maçanita, de pai açoriano e visitador frequente da ilha de São Miguel. E que, além disso, é formador na Escola de Hotelaria e Turismo de Ponta Delgada. Sabendo do Terrantez, Maçanita prontificou-se de imediato a fazer um teste à casta. E a coisa avançou, sendo usada a pequena adega dos Serviços de Desenvolvimento Agrário. Apesar das poucas condições, o enólogo conseguiu fazer o seu Terrantez na colheita passada e agora apresentou-o publicamente no restaurante Manifesto, de Luís Baena. O vinho chama-se Terrantez do Pico by António Maçanita e é mais um elemento no Fita Preta Signature Series, a linha exclusiva da empresa/marca de Maçanita. Foi curioso o modus operandi decidido: o vinho foi servido em três fases, com três temperaturas (4-5, 8-12, 14-16) e três copos distintos: espumante, branco e tinto. A ideia não foi à toa: António Maçanita quer continuar na próxima colheita com três vinificações distintas: uma para espumante, uma ‘normal’ e outra com madeira (fermentação e/ou estágio).
O vinho foi vinificado com base nas uvas de Terrantez do plantio dos Serviços de Desenvolvimento Agrário. Encheram-se apenas 570 garrafas, que estarão à venda em algumas garrafeiras seleccionadas, a preço a anunciar. A generalidade dos provadores presentes achou-o discreto de aromas mas com notas minerais e alguma toranja, surgindo um toque vegetal à medida que o vinho aquecia. Segue na boca, com secura final e uma boa acidez; este é de certeza uns dos vinhos menos enjoativos que já bebemos. António Maçanita disse-nos que várias pessoas tinham já confundido este Terrantez com um Alvarinho. Um excelente sinal, sem dúvida.
Ou seja, o primeiro resultado parece muito positivo. Vai ser interessante aguardamos pelas próximas colheitas e, se possível, seria muito bom conseguir vinificar algumas uvas das cepas originárias do Pico. Este seria um trabalho hercúleo, é certo, mas mostraria melhor ainda as potencialidades da casta. E, a ter sucesso, daria certamente um novo alento para alguns viticultores a expandirem nos seus currais. Aí sim, o salvamento seria completo.
Há algum tempo, os viticultores do Pico ficaram atónitos com o interesse de uma jovem técnica numa casta que eles próprios estavam a relegar para segundo plano. Susana Mestre, técnica dos Serviços de Desenvolvimento Agrário de São Miguel, estava a fazer um cadastro das castas do Pico, nomeadamente o Arinto, Verdelho e Terrantez. Depois de percorrer alguns currais, Susana rapidamente chegou à conclusão de que o Terrantez estava quase desaparecido: “era uma alegria quando encontrávamos uma cepa”, disse-nos ela. Susana ganhou uma estima especial por esta casta em perigo de extinção, até porque todos os estudos feitos indicam que não tem nada a ver com alguma das castas do continente. Nem com o Arinto, como em tempos se pensou. Iniciou-se então um processo de selecção clonal, sendo para isso destinado um campo com as típicas castas açorianas. O Terrantez está assim salvo. Mas isso não o impedia de ser uma casta em completo desuso no Pico, porque considerada de difícil viticultura pelos agricultores da região, à conta da sua sensibilidade a algumas doenças. Mas, e se o Terrantez, bem conduzido e vinificado, com as técnicas modernas, fosse uma casta de alto potencial enológico? A história adensou-se quando Susana se cruzou com o enólogo António Maçanita, de pai açoriano e visitador frequente da ilha de São Miguel. E que, além disso, é formador na Escola de Hotelaria e Turismo de Ponta Delgada. Sabendo do Terrantez, Maçanita prontificou-se de imediato a fazer um teste à casta. E a coisa avançou, sendo usada a pequena adega dos Serviços de Desenvolvimento Agrário. Apesar das poucas condições, o enólogo conseguiu fazer o seu Terrantez na colheita passada e agora apresentou-o publicamente no restaurante Manifesto, de Luís Baena. O vinho chama-se Terrantez do Pico by António Maçanita e é mais um elemento no Fita Preta Signature Series, a linha exclusiva da empresa/marca de Maçanita. Foi curioso o modus operandi decidido: o vinho foi servido em três fases, com três temperaturas (4-5, 8-12, 14-16) e três copos distintos: espumante, branco e tinto. A ideia não foi à toa: António Maçanita quer continuar na próxima colheita com três vinificações distintas: uma para espumante, uma ‘normal’ e outra com madeira (fermentação e/ou estágio).
O vinho foi vinificado com base nas uvas de Terrantez do plantio dos Serviços de Desenvolvimento Agrário. Encheram-se apenas 570 garrafas, que estarão à venda em algumas garrafeiras seleccionadas, a preço a anunciar. A generalidade dos provadores presentes achou-o discreto de aromas mas com notas minerais e alguma toranja, surgindo um toque vegetal à medida que o vinho aquecia. Segue na boca, com secura final e uma boa acidez; este é de certeza uns dos vinhos menos enjoativos que já bebemos. António Maçanita disse-nos que várias pessoas tinham já confundido este Terrantez com um Alvarinho. Um excelente sinal, sem dúvida.
Ou seja, o primeiro resultado parece muito positivo. Vai ser interessante aguardamos pelas próximas colheitas e, se possível, seria muito bom conseguir vinificar algumas uvas das cepas originárias do Pico. Este seria um trabalho hercúleo, é certo, mas mostraria melhor ainda as potencialidades da casta. E, a ter sucesso, daria certamente um novo alento para alguns viticultores a expandirem nos seus currais. Aí sim, o salvamento seria completo.
Fonte: http://www.revistadevinhos.iol.pt/noticias/salvar_o_terrantez_do_pico_9060