Chavões são formas de marcar pão e bolos que existiram em todo o Portugal e de que se encontram inúmeras referências na literatura nacional. Podem tomar diversas designações das quais conhecemos apenas a de “pintadeiras” e fritadeiras”na região do Alentejo. Em metal, usados na doçaria conventual, ou talhados em madeira de buxo, laranjeira, pereiro e azinho e feitos de uma peça só eram utilizados, inicialmente, para marcar o pão cozido nos fornos públicos.
Apresentavam formas simples, duplas e em encadeado constando habitualmente de uma pega e de uma superfície decorada destinada a marcar. As superfícies de decoração revelam motivos de arte popular como as rosetas sexifólias, o signo-saimão; cruzes e corações floridos; plantas e animais; imagens de santos e da vida social como coroas e insígnias.No princípio do século XX eram, sobretudo, usados na região do Alentejo, feitos pelos pastores, e destinados a decorar os bolos normalmente durante a quadra pascal. Actualmente, tendo caído em desuso, servem, apenas, como objectos de colecção e de decoração.
O chavão de São Jorge, feito em madeira de cedro ou faia, de uma peça só, manualmente ou no torno, não conhecemos nenhuma outra designação que a de chavão. A sua forma é comparável à dos chavões duplos alentejanos, portanto com duas bases circulares e um corpo de aspecto variável. No corpo do chavão é possível encontrar várias dimensões quer pelo estreitamento da forma quer pelo seu alargamento, às vezes, verdadeiramente protuberante. Também se encontram frisos, em número singular ou par, mais ou menos espessos e as iniciais do artesão ou do proprietário. Regra geral as dimensões do corpo variam entre 4,2cm e 12,5cm de altura. As bases são, geralmente, circulares podendo apresentar um bordo com ou sem espessura, simples ou complexo conforme este aparece com ou sem recortes. O diâmetro das bases pode ir de 1,7cm a 7,8cm.
O chavão de São Jorge é usado para marcar os bolos de vésperas antes da sua distribuição nos domingos de Pentecostes e da Trindade durante a celebração das Festas do Espírito Santo . Normalmente na preparação deste bolo além do chavão, são usados o rolo da massa, a carreta e o furador. Existe ainda, um outro utensílio com o nome de repenicadeira que serve para decorar o bordo exterior do bolo. A sua preparação começa pela levedação da massa que depois é sovada até a parte de baixo ficar muito fina (flor fina). De seguida dá-se-lhe, com as mãos, o formato redondo e estende-se com o rolo até se parecer com um disco, passando com a mão por cima de modo a fazer mais “flor”. Assim que a massa está estendida marca-se com o chavão carregando e retirando-o rapidamente. Começa-se pelo centro do bolo e depois à volta no sentido dos pontos cardeais e de seguida nos intervalos ficando distribuídos simetricamente. Com a carreta repenica-se o bolo a toda a volta. Este vai ao forno cozendo a calor brando durante cerca de trinta minutos.
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