O sector turístico açoriano conhece agora uma possibilidade que começa a surgir e que ganha legitimidade no terreno da actividade - o turismo motivado pela religião - com o surgimento do Caminho dos Romeiros.
Notoriedade. A palavra tem sido amplamente proferida quando se refere os objectivos propostos para o sector do turismo dos Açores. O secretário regional da Economia, Vasco Cordeiro, afirmou, aquando da Bolsa de Turismo de Lisboa, a determinação em conseguir "uma maior notoriedade junto de vários mercados", voltando a defender esta premissa na Feira Internacional de Turismo de Berlim.
Por seu turno, Luísa Schandrel, presidente da Associação do Turismo dos Açores (ATA), afirmou o mesmo princípio a este órgão de comunicação - a promoção dos Açores em transportes internacionais visa o aumento da notoriedade da Região como destino turístico.
Os pontos fortes e de atracção do turismo regional são as suas potencialidades e elementos que correspondam à sua vocação natural.
Falar dos Açores e da sua complexa riqueza sem mencionar o peso da religião é cometer uma falha grave e não respeitar o que de mais querido o nosso povo tem: a fé.
Assim, e como parte integrante do espectro de potencialidades turísticas, a religião apresenta-se como uma vertente legítima e passível de exploração.
Com vista a um melhor entendimento do papel que a religião desempenha na busca pela tão ansiada notoriedade, o Expresso das Nove esteve à conversa com Carlos Santos, o presidente do Observatório do Turismo dos Açores (OTA).
Segundo o próprio, "o turismo religioso é o segmento do mercado turístico que viaja, primeiramente, motivado por recursos turísticos de âmbito religioso (santuários, eventos religiosos, monumentos, etc.).
Actualmente, também deve ser tido em consideração o turismo espiritual, o qual partilha um número substancial de elementos com o turismo religioso".
E os Açores, pela riqueza natural e religiosa, têm, "um vasto património ao nível de construções religiosas e de tradições, alicerçado pela religiosidade do seu povo ao longo dos séculos. Isto confere uma singularidade a este produto, constituindo uma vantagem a preservar, pois dificilmente poderá ser copiado por um outro destino que não possua estas características intrínsecas".
A religião, pelas paixões que acalenta e pelos conflitos a que incita, é mais do que um simples conjunto de ideias: são crenças fortes, cimentadas nas mais elevadas expressões subconscientes acerca da vida e destino do Homem. Por este motivo, o responsável garante que "as populações locais são mais receptivas para com os turistas quando ambos compartilham e respeitam interesses comuns".
Carlos Santos "avança que a inovação e aumento da proeminência deste tipo de turismo está em apostar em produtos novos. "Está a ser criado o Caminho dos Romeiros, um itinerário de 250 quilómetros, que evitará o mais possível as estradas asfaltadas. Neste momento, o Caminho dos Romeiros está a ser sinalizado no concelho da Ribeira Grande, prevendo-se a réplica deste processo nos restantes concelhos, até ao final do presente ano. O Caminho terá a qualidade necessária para poder ser integrado nos Caminhos religiosos, como os Caminhos do Tejo (Lisboa-Fátima) e Caminho de Santiago (vários traçados).
Os peregrinos/turistas que percorrem um Caminho, normalmente, procuram outros e, com certeza, o Caminho dos Romeiros, com as suas belezas naturais, em breve, será divulgado através da promoção mais eficaz, ou seja, o boca a boca", remata.
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