O chá Gorreana, uma apreciada bebida cultivada na ilha de S. Miguel, foi durante muitos anos a única plantação de chá da Europa??
O chá aparece na ilha pelas mãos de Jacinto Leite (micaelense) por volta de 1820, que traz as sementes do Brasil. O seu cultivo foi depois incentivado pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, que, como resposta à crise da laranja (em meados do século passado), mandou vir em 1878, dois chineses para S. Miguel. Estes trouxeram mais semente para a plantação e ensinaram as complexas tarefas da sua preparação.
A plantação da Gorreana inicia a sua produção em 1874 e, em 1883, consegue o primeiro quilo de chá seco. Assim surge o chá Gorreana, pelas mãos de Hermelinda Pacheco Gago da Câmara. E apesar dos filhos que teve, o Gorrreana acaba por ficar para a sua neta Angelina. É ela que vem a casar com Jaime Hintze (s sua família, de origem alemã, veio para Portugal no século XVIII) que se entregou à plantação e proporcionou o seu crescimento. Jaime construiu ainda a Central hidroeléctrica; se não fosse esta medida, talvez o Gorreana não tivesse sobrevivido.
O chá teve produções significativas nas primeiras décadas deste século. Na ordem das 700 toneladas por ano. No entanto, as restrições às trocas com o exterior, durante as duas grandes guerras, fizeram com que houvesse um maior investimento noutras culturas mais necessárias à subsistência. E o declínio da produção de chá foi inevitável. Dos anos 80 até há bem pouco tempo, a Gorreana era a única fábrica de chá da Europa. Mas em tempos houve cerca de 15 em S. Miguel.
É preciso ter em conta que para os EUA e para o Canadá vai muito mais chá, que é levado pelos micaelenses, depois de passarem as suas férias na terra natal. O clima dos Açores ajuda a planta do chá – Camellia sinensis – porque lhe dá a água que ela precisa. “Temos chuvas bem distribuídas ao longo do ano. O chá precisa de pelo menos, 30 milímetros de água por mês. Felizmente não temos geadas, que queimam as folhas e o sol não é demasiado intenso, há sempre umas nuvens”, explica o proprietário.
Além disso, o solo argiloso e ácido dá origem a um chá muito perfumado e de travo agradável. O Chá Gorreana é ainda apreciado por ser um produto ecológico, livre de pesticidas, herbicidas e fungicidas.
Além disso, o solo argiloso e ácido dá origem a um chá muito perfumado e de travo agradável. O Chá Gorreana é ainda apreciado por ser um produto ecológico, livre de pesticidas, herbicidas e fungicidas.
O chá é produzido pelo método Hysson (através de vapor) e é um chá “ortodoxo” ou “tradicional” - as folhas são enroladas e, depois de secas, a maioria está inteira. Segundo o proprietário, o chá tem “ um paladar muito agradável e um aroma mais forte do que a generalidade dos chás comercializados” Da fábrica sai o tradicional chá preto, o muito em voga chá verde e ainda, por encomenda, o semifermentado (soochong, oolong e poochong).
Sem comentários:
Enviar um comentário