A Graciosa e o Corvo, as duas mais pequenas ilhas dos
Açores, são consideradas há cinco anos Reserva da Biosfera, uma
classificação atribuída pela UNESCO que visa a conservação de paisagens e
espécies, num contexto de desenvolvimento ecologicamente sustentável.
As duas pequenas ilhas possuem uma enorme riqueza de flora terrestre,
num património único que se estende aos invertebrados, aos moluscos
terrestres e, especialmente, à avifauna, sendo locais de nidificação de
espécies raras e zonas de paragem e alimentação de aves migratórias nas
viagens entre os continentes americano e europeu.
As características únicas da Graciosa e do Corvo têm vindo a ser
conhecidas por um número crescente de turistas, registando estas ilhas
uma procura maior desde que, em setembro de 2007, foram classificadas
como Reserva da Biosfera.
"Uma das coisas que sobressaiu nestes cinco anos, foi o aumento da
procura turística, tanto de cidadãos nacionais como de estrangeiros",
afirmou João Bettencourt, diretor regional do Ambiente, em declarações à
Lusa, referindo-se aos dados disponíveis de visitas nos centros de
interpretação existentes nas duas ilhas.
João Bettencourt frisou que se "nota" também um interesse crescente
das pessoas que visitam estas ilhas em conhecer melhor as duas Reservas da Biosfera.
No mesmo sentido, Manuel Avelar, presidente da Câmara de Santa Cruz
da Graciosa, afirmou à Lusa que esta classificação não trouxe apenas
"notoriedade", mas também vantagens para a economia local.
"É verdade que não trouxe dinheiro, mas trouxe mais turistas à
Graciosa", frisou o autarca, acrescentando que "foram muitos" os
turistas que chegaram à ilha depois da sua classificação pela UNESCO.
Menos optimista, Manuel Rita, presidente da Câmara do Corvo, disse à
Lusa que a classificação de Reserva da Biosfera "pouco ou nada trouxe de
novo à ilha".
Talvez por ser a mais pequena e a mais longínqua ilha do arquipélago,
com alguns problemas de acessibilidades, o Corvo não terá registado, na
perspetiva de Manuel Rita, mais procura turística por causa da classificação da UNESCO.
O director regional do Ambiente frisou, no entanto, que as mudanças
nas ilhas classificadas não se verificam apenas no setor do turismo.
Para João Bettencourt, há a registar também uma "maior sensibilidade"
dos habitantes locais para as temáticas relacionadas com a preservação
ambiental e uma maior procura em matéria de "conhecimento".
Neste aspecto, os dois autarcas estão de acordo que ainda há muito trabalho pela frente.
"É difícil mudar as mentalidades", frisou Manuel Rita, referindo-se
aos hábitos dos habitantes do Corvo em matéria de tratamentos de
resíduos numa ilha onde só agora está a ser implementado um sistema de
selecção de lixos.
A pensar nesta questão, o Governo Regional decidiu dar prioridade à
Graciosa e ao Corvo na construção dos centros de processamento de
resíduos, que já estão a funcionar nas duas ilhas.
A classificação da UNESCO, além das alterações nas áreas do turismo e
do ambiente, passou também a ser utilizada em artigos e na
correspondência de cerca de três dezenas de empresas e instituições
locais, na sequência de um diploma aprovado no parlamento açoriano que
autoriza a utilização do selo 'Reserva da Biosfera'.
No arquipélago dos Açores, a ilha da Flores também foi classificada como Reserva da Biosfera, mas só em 2009.
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