Rendas do Pico e do Faial



Em São Mateus do Pico, iniciou-se há cerca de 100 anos, uma organizada produção de rendas de farpa, cuja singularidade reside na forma como os seus elementos base são ligados.
Estes elementos, ou rosetas, são localmente designados por: rosas de amora, folhas de faia, amores perfeitos, maracujá, dálias, gerâneos, parras, rosas de panos de moinho, margaridas, rosas de caracóis, hastes de carneiro entre outros.
Posteriormente estas rosetas eram ligadas por gregas, irlandas ou caseadas, este trabalho era realizado pela mulher encarregue da sua comercialização ou por alguém da sua confiança.
Normalmente as rendeiras especializavam-se num tipo de rendas, de acordo com as suas preferências e solicitações do mercado. A rendeira não tinha qualquer encargo uma vez que era a mulher encarregue da comercialização quem lhe fornecia a linha para o trabalho final.
Para fazerem a renda as mulheres necessitavam de um objecto que não se encontrava à venda, a farpa, estas eram feitas de arames de pneus que iam para o lixo, a senhora Silvina Garcia era uma destas obreiras, ela retirava-lhes os arames, que polia e dobrava cuidadosamente na ponta formando a barbela. O cabo da farpa era feito em osso de baleia, podia também ser feito de vime ou outro tipo de madeira.
Apesar das rendas serem feitas no Pico era no Faial que estas eram comercializadas. Estas rendas eram conhecidas além fronteiras como "rendas do Faial". Mais tarde esta denominação foi alterada para "Rendas do Pico e do Faial"
As rendas foram durante muitos anos o sustento das familias, uma vez que era com o dinheiro destas que se comprava as coisas para a casa.
Apesar das mulheres fazerem renda em vários lugares da ilha, foi na freguesia de São Mateus que existiu mais rendeiras.

Fonte do Texto: Rendas dos Açores - Ilhas do Pico e do Faial - Adeliaçor
Fonte da Imagem: Eva Machado

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