Neste presente ano de 2013 assinalam-se os 35 anos da morte do poeta e escritor Vitorino Nemésio (1901-1978).
Em homenagem a este grande homem de letras, o notável poeta e escritor, para relembrar, um dos seus poemas " O Paço do Milhafre".
O PAÇO DO MILHAFRE
À beira de água fiz erguer meu Paço
De Rei-Saudade das distantes milhas:
Meus olhos, minha boca eram as ilhas;
Pranto e cantiga andavam no sargaço.
Atlântico, encontrei no meu regaço
Algas, corais, estranhas maravilhas!
Fiz das gaivotas minhas próprias filhas,
Tive pulmões nas fibras do mormaço.
Enchi infusas nas salgadas ondas
E oleiro fui que as lágrimas redondas
Por fora fiz de vidro e, dentro, de água.
Os vagalhões da noite me salvavam
E, com partes iguais de sal e mágoa,
Minhas altas janelas se lavavam.
Vitorino Nemésio, in Tríptico, nº 2 (1924)
e O Bicho Harmonioso (1938)
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