Filho de um moleiro, João Miranda, de 69 anos, ajuda a manter viva a
tradição da moagem na freguesia da Ajuda da Bretanha,que preserva "uma
relíquia", um moinho de vento com 200 anos, aberto este verão de forma
permanente.
Na costa norte da ilha de São Miguel, o Moinho do Pico Vermelho é um imóvel
de interesse público e estima-se que tenha sido construído nos séculos XVIII ou
XIX, sendo usado para moer grãos de milho que posteriormente eram transformados
em farinha e depois em pão cozido nas habitações.
A sua reconstrução iniciou-se em setembro de 2011 e terminou em agosto de
2012, sendo propriedade da Junta de Freguesia em parceria com a Secretaria
Regional da Cultura.
“Isto é a relíquia da freguesia. Esteve mais de 50 anos parado e
abandonado”, afirmou à Lusa João Miranda, residente na freguesia e habituado a
conviver "desde sempre" com a profissão de moleiro que o pai
"abraçava".
Do local do Pico Vermelho, concelho de Ponta Delgada, onde se localiza o
moinho de vento, João Miranda guarda também boas recordações, pois era a zona
onde se juntavam "muitos rapazes".
“O moinho trabalhava mais no inverno do que no verão por causa do vento”,
explicou João Miranda, reformado, mas que a partir de hoje estará de forma
voluntária a dar apoio à Norte Crescente, Associação de Desenvolvimento Local,
que ficará responsável este verão por manter o moinho aberto.
"Sempre que houver vento vou estar no moinho para explicar e dar a
conhecer aos visitantes o processo de moagem", acrescentou.
Hoje não havia vento, mas o moinho abriu portas bem cedo.
"O objetivo é potenciar a vinda de turistas não só pela beleza
arquitetónica da infraestrutura, mas também pela memória cultural que
representa para a população a atividade", explicou Esmeralda Albernaz,
técnica de turismo da Associação Norte Crescente.
Segundo Esmeralda Albernaz, o moinho do Pico Vermelho passa a estar aberto
ao público, "entre as 10:00 e as 17:00, de segunda a sexta-feira, nos
meses de julho e agosto, incluindo aos fins de semana no caso de excursões que
são marcadas com um dia de antecedência".
“Este moinho é do tipo holandês e tem pouco mais de 200 anos. Tem muita
história a nível paisagístico, cultural, histórico e arquitetónico e é um dos
poucos moinhos de vento ainda existentes em São Miguel”, frisou ainda.
Além da beleza arquitetónica do imóvel de dois andares, o espaço integra
ainda uma pequena exposição de artefactos ligados ao trabalho dos moinhos, como
as caixas de medidas utilizadas pelo moleiro ou o seu traje e o da esposa, que
ajudava o marido na tarefa.
No local, os visitantes ficam também a par da importância da cultura do
milho, através de panfletos, com inúmeras curiosidades e factos históricos.
Em 1710, o milho foi introduzido nos Açores para substituir a cultura do
pastel e os micaelenses recorriam ao milho das suas terras para realização de
artesanato, assim como para consumo familiar.
Para o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda da Bretanha, Bruno
Correia, o moinho do Pico Vermelho "é um património histórico para a
freguesia, representando por isso uma mais-valia para captar turistas que podem
fazer uma paragem" no local a caminho das Sete Cidades, um dos principais
pontos turísticos de São Miguel.
Fonte: http://www.acorianooriental.pt/noticia/freguesia-da-ajuda-da-bretanha-abre-moinho-de-200-anos-ao-publico
Mónica Martins
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