© Vítor Oliveira
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Há já muitos anos, lá pelo séc. XVI, num dia em que o vento soprava muito forte e o mar estava bravo, apareceu a boiar no mar da praia um caixote muito grande, chamando a atenção das pessoas. Este foi puxado para o areal por alguns homens, que ao ser aberto, perante muita gente que ali se tinha juntado, descobriram no seu interior uma bela imagem do Senhor Santo Cristo, que causou grande espanto a todos os que ali estavam.
Organizou-se então uma procissão onde a imagem foi transportada para a Igreja da Misericórdia. Cumprindo a indicação de um dístico escrito no caixote, que determinava que a imagem devia ter lugar próprio, sendo assim colocada na capela mor, que até ali era do Senhor Espírito Santo.
Pouco a pouco o povo da Praia e das freguesias vizinhas começou a fazer peregrinações,todas as sextas-feiras, para rezar o Santo Cristo e a fama dos Seus milagres espalhou-se por toda a ilha.
A partir de certa altura alguém pensou que uma imagem como aquela merecia estar numa igreja mais importante. Tentaram levar a milagrosa imagem para a Igreja da Sé, Catedral dos Açores, mas não conseguiram. Quando a queriam transportar em carros de bois, o meio de transporte de carga de então, os animais recusavam-se a andar, mesmo depois de serem atiçados com palavras duras e espicaçados com a aguilhada , ninguém os conseguiu levar até à Sé. Tentaram depois levar a imagem pelo mar, mas, sempre que se preparavam para tal, o mar levantava-se com uma violência que a embarcação nem se atrevia a sair do cais.
As pessoas compreenderam que o Santo Cristo desejava ficar na igreja da Praia e aí permaneceu durante séculos.
Em 1920, um terrível incêndio muito intenso ocorreu na Igreja e a imagem não "sobreviveu", diz-se que o Santo Cristo fugindo às chamas, subiu ao céu.
A fé, porém, não desvaneceu e ainda hoje, todas as sextas-feiras, ainda se vê algumas pessoas a pé, por vezes descalças, cumprir promessas ao Senhor Santo Cristo a Praia da Vitória.
Amélia Borges
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