Antigamente as matanças iniciavam-se, normalmente com
a chegada dos primeiros frios de Inverno. Matar um porco era para as famílias
rurais como que quebrar um mealheiro em que se depositaram poupanças para os
tempos de carência, conforme as tradições populares locais.
Do porco faziam-se e continua a fazer-se as morcelas, os
chouriços, o toucinho fumado e torresmos, que no Inverno substituíam os
chicharros e a cavala.
As matanças de porco assumiam localmente a dimensão de
festas de família e de reunião social. O festejo, em normas cujo rigor tem
vindo a ser quebrado, começa na véspera da matança com o picar da cebola (que
era normalmente tarefa de mulheres) para as morcelas, preparação de bebidas e
comidas e com os convites. Os convites, que o dono do porco ou porcos dirigia em
idas de casa em casa, destinavam-se principalmente, a familiares, vizinhos ou
amigos mais chegados, que, se não fossem convocados, podiam sentir-se vítimas
de “desfeita”.
O dia da matança começava cedo, com a chegada dos
convidados e do “matador” que tomavam pequenos cálices de uma bebida forte “para
aquecer”.
Depois, soltava-se o porco do curral, que costumava
estar localizado atrás da casa e deixava-se o animal descansar. De seguida, o
dono do porco gostava de mostrar, com uma certa vaidade, o porte do porco aos
convidados que, maior parte das vezes estavam bem gordinhos. Após isto, o
animal era puxado por 3 ou 4 homens para cima do banco de madeira e morto com
uma facada no coração.
As sangrias, que davam o sangue para as morcelas,
podiam ser abundantes ou reduzidas, dependendo da ferida ou sorte do matador e
a faca. Depois de morto, o porco era “chamuscado”, agora com o maçarico de gás,
mas antigamente com palha de trigo ou ramada.
Seguia-se a lavagem, a abertura e o esventramento do
animal, que posteriormente, era pendurado numa trave da casa ou palheiro.
Depois era o almoço habitual, com várias mesas juntas para caberem os convidados.
À tarde o principal trabalho da matança cabia às
mulheres: lavar as tripas, encher e cozer as morcelas e depois pendurá-las nos
fumeiros da chaminé.
No outro
dia, normalmente na segunda-feira, havia tarefa de “desmanchar” e salgar o
porco.
Matança do porco em São Jorge |
Fonte: http://historiadosacores.tumblr.com/post/39323407829/matancas-de-porco-eram-festejos-de-inverno-em
http://historiadosacores.tumblr.com/post/68557926638/sec-xx-ilha-de-sao-jorge-a-matanca-do-porco-em
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