Ernesto do Canto Faria e Maia nasceu em 1890, em Ponta Delgada, na ilha
de São Miguel, Açores, numa família culta e abastada. Em 1907, depois de acabar
o liceu, viajou para Lisboa e matriculou-se no Curso Geral de Desenho da Escola
de Belas-Artes, tendo como professores Ernesto Condeixa, José Luís Monteiro e
José Alexandre Soares. Após terminar esta formação em 1911, inscreveu-se no
curso de Arquitectura Civil, que abandonou logo no primeiro ano. Em 1912,
participou no I Salão dos Humoristas Portugueses, apresentando um conjunto de
pequenas estatuetas humorísticas de modelação espontânea que evocavam com um
olhar crítico a frivolidade do quotidiano urbano e das grandes metrópoles.
Distante do gosto do público e das práticas académicas, nesse ano foi
para Paris, onde foi aluno de Antoni Mercier (na Escola de Belas-Artes de
Paris) e de Antoine Bourdelle (na Academia da Grand Chaumiére). Interessado em
estagiar com James Vibert, escultor simbolista, Canto da Maia começou a
frequentar a Escola de Belas-Artes de Genebra em 1914. Com a I Guerra Mundial
(1914-1918) o escultor retornou à sua ilha, onde participou na XII Exposição da
SNBA, em Ponta Delgada com a obra Tristeza (1915).
Um ano depois, mostrou na XIII Exposição da SNBA a grande estátua
Desespero da dúvida, obra marcada pelo intenso realismo da figura, porém
tratada plasticamente com um modernismo evidente. Ainda em 1916, Canto da Maia
partiu para Madrid, onde trabalhou durante um ano no atelier do escultor
castelhano Julio Antonio Rodríguez Hernandez. Nos anos seguintes regressou a
Ponta Delgada – onde executou um conjunto de baixos-relevos para o Coliseu
Micaelense (1917) e para o Palácio Jácome Correia (1918) – e a Lisboa, onde
apresentou a sua primeira exposição individual no Salão Bobone (1919). Em 1920
foi para Paris, onde permaneceu até 1937, ano em que o eclodir da II Guerra
Mundial o obrigou a regressar a Lisboa. O regresso a Portugal é marcado pelas
encomendas oficiais, primeiro para o Pavilhão de Portugal na Exposição
Internacional das Artes e das Técnicas da Vida Moderna (Paris, 1937), e depois
para a Exposição do Mundo Português (Lisboa, 1940). Para estas exposições
realizou retratos de grandes figuras da História de Portugal, como Infante D.
Henrique (1937), Afonso de Albuquerque (1937) ou o grupo escultórico D. Manuel
I, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral (1940).
Em 1943, o escultor foi reconhecido publicamente com uma exposição
retrospectiva organizada pelo Secretariado de Propaganda Nacional e um ano
depois recebeu o Prémio de Escultura Manuel Pereira. Em 1946, Canto da Maia
regressou a Paris, onde permaneceu até 1953. Nesse ano, voltou definitivamente
para os Açores e integrou a representação de Portugal na 2.ª Bienal de Arte
Moderna de São Paulo. Nos anos seguintes projectou alguns monumentos públicos e
participa em diversas exposições, das quais se destacam a exposição “Arte
Portuguesa do Naturalismo aos nossos dias” (Bruxelas, Paris e Madrid, 1967-68)
e a exposição retrospectiva no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada (1976).
Ernesto Canto da Maia faleceu em Ponta Delgada, na sua terra natal, no
dia 5 de Abril de 1981, com 91 anos de idade.
Escultor Ernesto Canto da Maia
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Fonte:http://aarteemportugal.blogspot.pt/2012/08/ernesto-canto-da-maya-1890-1981.html/http://www.tuttartpitturasculturapoesiamusica.com/2015/12/Ernesto-Canto-Maia.html
Patrícia Machado
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