Os militares
golpistas, auto denominados Movimento das Forças Armadas – MFA – são
comandados, secretamente, a partir do Quartel da Pontinha, em Lisboa, por Otelo
Saraiva de Carvalho, um dos principais impulsionadores da acção.
A par das movimentações em Lisboa
no 25 de Abril de 1974, também
no Porto os militares tomam posições. São ocupados o Quartel-General da Região
Militar do Porto, o Aeroporto de Pedras Rubras e as instalações da RTP na
cidade invicta.
Aos homens da Escola
Prática de Cavalaria de Santarém, comandados por Salgueiro Maia, coube o papel
mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço e dos ministérios ali
instalados. A coluna de blindados vindos da cidade ribatejana chega a Lisboa
ainda o dia não tinha despontado, ocupa posições frente ao Tejo e controla, sem
problemas aquela importante zona da capital.
Mais tarde Salgueiro
Maia desloca parte das suas tropas para o Quartel do Carmo onde está o chefe do
governo, Marcelo Caetano, que acaba por se render no final do dia com apenas
uma exigência: entregar as responsabilidades de governação ao General António
Spínola, oficial que não pertencia ao MFA, para que “o poder não caía nas
ruas”. O Presidente do Conselho, que anos antes tinha sucedido a Salazar no
poder, é transportado para a Madeira e daí enviado para o exílio no Brasil.
Ao longo do dia 25 de Abril de 1974, os
revoltosos foram tomando outros objectivos militares e civis e, pese embora
tenham existido algumas situações tensas entre as forças fiéis ao regime e as
tropas que desencadearam o golpe, a verdade é que não houve notícia de qualquer
confronto armado nas ruas de Lisboa.
O único derramamento de sangue teve
lugar à porta das instalações da PIDE (Polícia de Investigação e Defesa do
Estado) onde um grupo de cidadãos se manifestava contra os abusos daquela
organização e alguns dos agentes que se encontravam no interior abriram fogo,
atingindo mortalmente 4 populares. Podemos concluir que o 25 de Abril de 1974 foi um
golpe relativamente pacifico.
Por detrás dos acontecimentos do 25 de Abril de
1974 estão mais de 40 anos de um regime autoritário, que governava em
ditadura e fazia uso de todos os meios ao seu alcance para reprimir as
tentativas de transição para um estado de direito democrático.
A censura, a PIDE e a
Legião e a Mocidade Portuguesas são alguns exemplos do que os cidadãos tinham
de enfrentar no seu dia-a-dia. Por outro lado, a pobreza, a fome e a falta de
oportunidades para um futuro melhor, frutos do isolamento a que o país estava
votado há décadas, provocaram um fluxo de emigração que agravava, cada vez
mais, as fracas condições da economia nacional.
Mas a gota de água que
terá despoletado a acção revolucionária dos militares que, durante tantos anos
tinham apoiado e ajudado a manter o regime, foi a guerra colonial em África.
Com 3 frentes abertas em outros tantos países, Angola, Moçambique e
Guiné-Bissau, os militares portugueses, passada mais de uma década, começavam a
olhar para o conflito como uma causa perdida.
Internacionalmente o
país era pressionado para acabar com a guerra e permitir a auto-determinação
das populações das colónias. A falta de armas nas forças portuguesas era
proporcional ao aumento de meios dos movimentos independentistas. Os soldados
portugueses morriam às centenas a milhares de quilómetros de casa.
Todos estes factores
contribuíram para um descontentamento crescente entre as forças armadas,
sobretudo entre os oficiais de patentes inferiores, o que levou à organização e
concretização de um golpe militar contra o regime do Estado Novo.
25 de Abril de 1974 ficará,
para sempre, na história como o dia em que Portugal deu os seus primeiros
passos em direcção à democracia. O 25 de Abril de 1974 ficou para sempre
marcado na Histoŕia de Portugal.
Fonte: www.historiadeportugal.info
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