Nos Rosais havia uma terra de
pasto, dentro da qual ficava uma furna com o nome de Furna dos Encantados
porque ali viviam pessoas que estavam encantadas.
Numa certa altura, o dono da terra pôs lá uma
vaca leiteira e costumava ir ordenhá-la e dar-lhe muda, todos os dias de manhã.
Mas, passados alguns dias, quando o homem chegava à terra para tirar o leite, a
vaca estava já mamada e tinha preso num galho um saquinho com dinheiro para
pagamento.
Este acontecimento foi-se repetindo e o homem
estava cada vez mais admirado e mesmo já um pouco raivoso. Um dia decidiu e
disse lá para si:
— É hoje que vou apanhar o marau que anda a
beber leite da minha vaca. Ainda que eu não durma esta noite, ele vai ser
descoberto.
Lá foi para a terra. Escondeu-se o melhor que
pôde atrás de uma parede, protegido por alguns arbustos.
Algum tempo depois de estar de vigia, o
lavrador viu um homem sair da furna onde viviam os encantados. Ordenhou a vaca,
pegou no saquinho e dependurou-o no corno do animal e foi-se embora, em
direcção ao lugar de onde tinha vindo, sem que o lavrador tivesse tido coragem
de sair do esconderijo e dizer alguma coisa.
O dono da terra tinha ficado muito admirado e
medroso de ver que era um encantado e, sem saber o que lhe poderia acontecer,
resolveu ficar bem escondido.
Mas, a partir daquele dia, o encantado, talvez
por saber que o tinham vigiado, nunca mais veio ordenhar a vaca.
Fonte:http://www.lendarium.org/narrative/a-furna-dos-encantados/
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Patrícia Machado
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