São seis as publicações internacionais que elogiam o modo sustentável como os pescadores do arquipélago capturam o peixe-espada preto.
Um artigo do jornal Marine Policy, que revela que o mundo se voltou "em desespero" para a pesca em profundidade, esquecendo-se de que o stock de peixe demora a recompor-se, é tabalhado pela Stuff.co.nz, da Nova Zelândia, e pela Summit County Citizen Voice, a Newsroom America, o Digital Journal, pelo Sunday Star Times e o WebWire, as quatro dos Estados Unidos da América.
"Os cientistas dizem que há muito poucas exceções no mundo à pesca insustentável em profundidade. Mas uma delas é a pesca do peixe-espada preto nos Açores. Lá, o governo português baniu a possibilidade de capturar por arrasto, que provocou a sobre-pesca desta espécie noutros lugares", pode ler-se no artigo da Sunday Star Times.
Pelo contrário, adiantam os especialistas, na maioria dos lugares em que se recorre à pesca em profundidade, utiliza-se com frequência a técnica do arrastão, sobretudo fora das Zonas Económicas Exclusivas, onde o controlo é menor.
O texto citado por publicações um pouco por todo o mundo, adianta que no arquipélago dos Açores o peixe é capturado de forma sustentável com linha e anzol em barcos pequenos.
"A pesca em mar profundo só pode ser sustentável em lugares onde a população de peixes cresce rapidamente e onde se pesca em pequena escala, utilizando equipamentos que não destroem os habitats", diz ao Sunday Star Times Elliot Norse, autor do estudo publicado no jornal Marine Policy.
O exemplo dos Açores surge, assim, contrariando o que decorre da maior parte do mundo.
Segundo sustentam os especialistas, a pesca em profundidade esgota a biodiversidade marinha, causa danos profundos no fundo do oceano e deve ser minimizada para preservar os recursos marinhos.
Neste sentido, no documento publicado no Marine Policy, os cientistas reportam o colapso de espécies provenientes do fundo do mar, incluindo tubarões ou o olho-de-vidro-laranja.
LONGE DO SOL
"O mar profundo é o pior sítio do mundo para capturar peixe. Os peixes nestas zonas são especialmente vulneráveis, uma vez que não se conseguem reproduzir tão rapidamente", adiantava o principal investigador do estudo publicado no Marine Policy.
A explicação é fácil. No fundo do mar, a vida é mais escassa por estar longe da luz do sol que permite a fotossíntese.
"A comida é escassa e a vida acontece a um ritmo mais lento do que acontece perto da superfície. Alguns peixes do mar profundo vivem mais de um século e alguns corais podem chegar aos 4.000 anos. Quando os arrastões arrancam vida ao fundo do mar, os animais adaptados à vida lá em baixo não se conseguem reproduzir em escalas de tempo humanas. As tecnologias de pesca mais poderosas estão a sobrecarregá-los", adianta o Summit County Citizen Voice.
O mesmo jornal, sustenta que o mar profundo fornece menos de um por cento do peixe consumido no mundo.
Os investigadores aconselham, por isso, à exploração dos recursos mais próximos da costa e em águas menos profundas.
Por outro lado, adiantam os cientistas, a melhor política para minimizar o colapso dos fundos marinhos e das suas espécies passaria por acabar com as pesca em profundidade, que é, ainda por cima, "economicamente esbanjadora". Ao mesmo tempo, adiantam, o dinheiro poupado poderia ser redirecionado na ajuda a pescadores deslocados e na reconstrução de populações de peixe em águas produtivas, próximas de portos e mercados, lugares que mais facilmente conduzem à pesca sustentável.
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