Geologia a bandeira do turismo europeu

Valorizar o património geológico do arquipélago dos Açores em Portugal e no Mundo é um dos principais objectivos da candidatura que foi ontem entregue pelo Geoparque Açores na Comissão Nacional da UNESCO, em Lisboa.

A candidatura, entregue ontem pelo grupo de trabalho liderado pelo coordenador geral do Geoparque Açores, Paulino Costa, acompanhado pelo presidente da associação José Leonardo e ainda pelo professor João Carlos Nunes, têm em vista a integração daquele património geológico na Rede Europeia e Mundial de Geoparques.

Segundo Elizabeth Silva, responsável pelo sector das ciências da Comissão Nacional da UNESCO, o dossier resulta de um trabalho que está a ser preparado há cerca de dois anos e que será remetido à UNESCO. Nessa fase serão enviados ao arquipélago peritos, com o objectivo de avaliar se os dados constantes na candidatura estão em conformidade com as observações no terreno. O passo seguinte decorre durante o primeiro semestre de 2012, altura em que um júri vai analisar as condições da candidatura.

A ser aceite, a informação será anunciada na 11.ª Conferência Europeia de Geoparques, a decorrer no próximo mês de Maio, em Arouca.

As vantagens de pertencer à Rede Europeia e Mundial de Geoparques são explicadas por Elizabeth Silva: «Estar em rede dá o benefício de passar a constar no roteiro de potenciais interessados, que já visitam outros geoparques. No caso dos Açores, temos algo de excepção que é autenticado pela UNESCO, uma marca reconhecida mundialmente.»

Este é um conceito transversal que vai «muito além» do potencial geológico dos Açores, conforme esclarece Elizabeth Silva: «Atendendo à conjuntura em que vivemos, este projecto pretende criar novas oportunidades empreendedoras. No parque Naturtejo, há artesãos que fazem obras de arte baseadas no património geológico, criaram um nicho de mercado que não havia e que foi a existência do geoparque que potenciou. O termalismo ou os spas naturais são oportunidades que podem surgir. Os Açores, com a sua espectacularidade, vão com certeza ter agora a hipótese de explorar essa área.»

Entre os factores únicos que o Geoparque Açores oferece, destaque para o facto de ser todo um arquipélago e não apenas uma ilha. «Pela morfologia dos Açores não fazia sentido separar as ilhas. O levantamento que foi feito dos geossítios mostrou-nos que todas as ilhas têm um potencial geológico muito rico para explorar. Dessa forma decidiu-se, em conjunto com os decisores políticos, que se apresentaria a candidatura como um bloco, algo que é novo na rede», explica a técnica da UNESCO.

A componente educativa é outra das bandeiras do projecto: «Temos uma mostra viva de vulcanismo. Há geoparques que dão mostras de vulcões em museus, e os nossos estão ao ar livre, podem ser estudados no terreno. Poderemos fazer intercâmbios, por exemplo. Trazer cá alunos de outros países e levar os nossos a estudarem outras realidades geológicas.»

Com o lema «9 Ilhas – 1 Geoparque», a candidatura pretende mostrar que há mais para descobrir nos Açores que «o que aparece nas brochuras das agências de viagens», conforme defende Elizabeth Silva.

Se for aceite, o Geoparque Açores passa a ser o terceiro a nível nacional a integrar a rede europeia e mundial. Em Portugal, além do Geoparque Naturtejo, existe desde 2009 o Geoparque Arouca.

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