O arquipélago dos Açores , ao longo do tempo, passou por diversas explorações que, consoante as necessidades de subsistência e importância económica, se foram sucedendo umas às outras. A madeira foi a primeira exploração efectuada nas ilhas. Os primeiros povoadores, para conseguirem terras de cultivo, tiveram de limpar os terrenos, abatendo muitas das plantas próprias da região, denominadas endémicas. Com a madeira, proveniente das árvores abatidas, construíram-se casas, barcos, imagens, altares e, até mesmo, utensílios domésticos.
A par desta exportação, surgiu também a exploração de óleos de natureza diversa. Os de origem vegetal eram extraidos dos ramos de cedros, de vinháticos, de zimbreiros e de loureiros. Na época, estes óleos, por abastecerem as candeias, e as velas de cera eram fundamentais para a iluminação.
Mais tarde a cultura do trigo foi um grande factor económico dos primeiros tempos, tornando-se o segundo produto a ser exportado. Os Açores foram o celeiro do reino, da ilha da Madeira e, até mesmo, das praças do norte de África, sendo a produção deste cereal tão rentável que todas as terras de cultivo foram aproveitadas para este fim.
Seguiu-se a cultura do pastel, introduzida no arquipélago pelos flamengos, ocupando os terrenos da orla marítima. Foi uma produção de grande valor financeiro, constituindo a primeira cultura industrial destas ilhas, comparada pelos agricultores a uma mina de ouro por gerar muita riqueza. Com a diminuição do seu cultivo, sentiu-se uma quebra nos recursos monetários da economia da época.
Outra cultura que atingiu maior dimensão, no século XVII, foi a do milho, embora, inicialmente, tenha sido muito desprezada. O seu cultivo ocupou os terrenos anteriormente utilizados pela planta do pastel e só se itensificou a partir de um ano de muita fome, quando a sua farinha, misturada com alguma de trigo, começou a ser usada no fabrico do pão.
No cultivo do milho nada se perdia, porque, para além do cereal usado pelo homem, as folhas e as pontas eram aproveitadas na alimentação do gado e os carrilhos para fazer lume na cozinha. A sua produção não levava ao cansaço do terreno, adaptava-se bem ao clima húmido da região e entre os seus regos semeava-se feijão ou favas.
A nívelocal, este ceral acabou por substituir o trigo e a quantidade que ficava em excesso era enviada para a América. As exportações voltaram a ser exageradas e os melhores terrenos foram ocupados com esta cultura, obrigando os agricultores com menos recursos económicos a dedicarem-se, ao cultivo da batata-doce, inhames, feijões e favas nas poucas terras disponíveis.
Durante o século XVIII e na primeira metade do século XIX, na ilha de S. Miguel deu-se o aumento da exportação da laranja, atingindo o auge do seu valor económico, a par das remessas dos vinhos das ilhas de S. Jorge e Pico, no entanto a cultura que mais contribuiu para o desenvolvimento da ilha de S. Miguel foi a do ananás. O seu cultivo, até o fruto estar em condições de ser consumido, é muito demorado, implicando no seu processo de maturação, muitos gastos e muita mão-de-obra, justificando, o seu elevado preço de venda. Esta cultura, na actualidade, já não tem a expressão económica de épocas anteriores, devido à concorrência do abacaxi.
Mais tarde deu-se ao cultivo do chá e do tabaco. O do chá foi introduzido por dois chineses que se deslocaram á ilha de S. Miguel, continuando a ser uma mais-valia para a economia dos Açores, única zona da Europa onde ainda hoje, se produz chá. O cultivo do tabaco foi bem sucedido na ilha, construido-se várias fábricas, sendo a mais importante a Fábrica de Tabaco Micaelense.
A venda de produtos era feita essencialmente por troca directa, trocava-se trabalho por trabalho, não havendo grande circulação de moeda, que estava centralizada nos sítios onde se efectuavam as exportações. A vida da maioria da população circulava à volta da actividade agro-pecuária, surgindo a artesanal/industrial como forma de ter acesso a outros bens da civilização que só se podiam obter através da circulação da moeda. Um dos meios de circulação da moeda era o comércio efectuado com trigo, pastel, carne, água, frutos, peixe e “refresco” fornecidos à tripulação das armadas que aqui ancoravam.
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Bibliografia: MELO, Maria Orísia, CABRAL, Conceição Melo, Açores - Quem Somos / Porque Somos, Publiçor, S, Miguel, 2010.
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