Pico Matias Simão

O Pico Matias Simão situa-se na freguesia dos Altares, concelho de Angra do Heroísmo. Trata-se de um acidente montanhoso, propriedade privada, localizado junto à costa da Ilha Terceira com 153 metros de altura. O Pico Matias Simão proveniente de uma erupção estromboliana onde houve emissão de lava viscosa não porosa, que assumiu aí formas distintas de outros lugares vulcânicos. Nessa erupção, associada a uma chaminé do Vulcão da Serra de Santa Bárbara, houve também emissão de lava vesiculada, expelida na erupção vulcânica explosiva, que caiu junto com cinza, bem como bombas e outros fragmentos piroclásticos que formaram tufos vulcânicos, sobre o solo da freguesia dos Altares.

Na freguesia dos Altares fazia-se o fabrico artesanal de telha de canudo assim como de blocos e tijolo para fornos e lareiras, isto porque naquela freguesia existe um solo recoberto pelos depósitos do Pico Matias Simão, de natureza argilosa que produzia um sofrível barro para fabrico de telhas e olaria grosseira. Essa telha era feita em três telhais na freguesia, mas essa actividade perdeu a sua importância a partir do sismo de 1980 uma vez que estas não davam resposta às necessidades que surgiram na reconstrução das casas da ilha que caíram com o terramoto.

O Pico Matias Simão encontra-se muito fragmentado pela erosão marinha, que na costa Norte da ilha Terceira é acentuada e repetidamente exposta às tempestades que ocorrem na Bacia do Atlântico Norte. A abrasão marinha talhou a costa onde se encontra uma grande arriba vertical (Pico Matias Simão), uma das maiores da costa Noroeste da ilha Terceira. O Pico Matias Simão constitui-se um dos ícones do património natural dos Açores com características, a nível da geodiversidade, únicas da Europa.

Neste pico existia, antigamente, um posto de vigia da baleia para auxiliar os baleeiros dos Biscoitos. No cimo do Pico existe um Monumento, um Cruzeiro, da autoria do Dr. Francisco Maduro-Dias, que se avista desde o mar a grande distância. O monumento foi destruído pelo sismo de 1980, mas reconstruído mais tarde. Apesar de ser um local de difícil acesso, actualmente o monumento apresenta-se um pouco degradado, no entanto não deixa de assinalar de forma inigualável esse acidente montanhoso.

O nome da freguesia dos Altares, está relacionado, segundo os padres António Cordeiro e Jerónimo de Andrade, com o Pico Matias Simão – “um altar que vem render-se ao mar”.
Alguns dos primeiros povoadores da ilha Terceira, reconhecendo a fertilidade dos solos, do que é hoje a freguesia dos Altares instalaram-se aí, por meados do século XV. João Valadão veio para a ilha Terceira em meados do século XV tendo uma das suas filhas casado com Martim Simão, daí que o pico seja ainda lembrado, como o Pico de Matias Simão ou Pico de Martim Simão.
A Associação Espeleológica “Os Montanheiros” descobriu na década de 60, no Pico Matias Simão, canais lávicos e um Algar, a que na altura foi dado o nome de Carrazedo em homenagem ao Dr. Adérito de Freitas. Neste Pico existe também avifauna: uma colónia nidificante de cagarros (Calonectris diomedea borealis).
Em 2005, foi criado um miradouro no Pico Matias Simão, e este oferece vistas panorâmicas sobre a parte litoral norte da ilha, sendo possível observar a ilha Graciosa em dias de céu limpo. Permite também apreciar o casario branco por entre o verde das pastagens da pictórica freguesia dos Altares. Daí consegue ver-se também toda a encosta norte da Serra de Santa Bárbara.

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