Vinho de cheiro é a designação dada nos Açores
aos vinhos elaborados a partir de uvas da casta americana
Isabelle (por vezes designada por Isabel ou Isabela). O vinho
de cheiro é enquadrável nos tipos geralmente chamados de morangueiro, embora as características
edafo-climáticas das ilhas e o facto de ser em geral mono-casta lhe dê
características específicas.
O
vinho de cheiro é de cor violácea intensa, deixando uma mancha violeta
característica quando exposto ao ar. Tem um intenso aroma frutado não
identificável e em geral baixa graduação alcoólica (6 a 10%), o que dificulta a
sua conservação, transformando-se rapidamente em vinagre se exposto ao ar. Tal
obriga a que o vinho seja consumido no ano de produção, sendo em geral os
restos destilados para aguardente.
Apesar
dos enólogos
em geral o considerarem de baixa qualidade, o vinho de cheiro tem nos
Açores grande número de apreciadores, constituindo um ingrediente
imprescindível na culinária e desempenhando um importante papel nas festividades
tradicionais (é o vinho usado nos bodos dos Impérios do Divino Espírito Santo).
Devido
à proibição de comercialização imposta pela União
Europeia, a produção tem vindo a diminuir e a exportação para as
comunidades açorianas nos Estados Unidos e Canadá é hoje residual. Nas zonas
tradicionais de produção (Pico, Biscoitos,
Graciosa,
Caloura
e São Lourenço),
as vinhas têm vindo lentamente a ser reconvertidas para castas europeias, com
destaque para o Pico e Biscoitos.
O
vinho de cheiro apareceu nos Açores na sequência da destruição dos
vinhedos tradicionais causada por um oídio,
então denominado o oídio tuckeri, a que duas décadas mais
tarde se juntou a filoxera. Dada a produtividade e rusticidade nas condições
climáticas dos Açores da casta Isabelle, esta rapidamente substituiu as
restantes vinhas, ficando a produção de vinhos de casta europeia meramente
residual. Nas primeiras décadas do século XX a produção de vinho de cheiro
cresceu rapidamente, transformando-o num dos produtos mais importantes das
zonas de solos mais pobres das ilhas. Contudo, o aumento do custo da mão de
obra, provocado pela grande emigração dos anos de 1960 (que reduziu a população
rural das ilhas a cerca de metade) e as dificuldades de comercialização levaram
a um rápido declínio da produção a partir dos anos de 1970, estando esta hoje
restrita à Caloura e Vila Franca do Campo (São Miguel), Biscoitos e Porto
Matins (Terceira) e a algumas zonas do Pico e Graciosa.
O
uso, obrigatório pela tradição, de vinho de cheiro nas festas do Divino
Espírito Santo, dão-lhe apreciável valor comercial...sendo apreciado por muitos!
Sou Emigrante no Canada,como poderei encontrar vinho de cheiro da Caloura ou Vila Franca do Campo?...agrade cia muito que me informassem como adquirir aqui em toronto....o meu muito obrigado.
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