Mestre João Alberto

A construção naval nos Açores terá tido inicio nos primordios do povoamento. Esta atividade desenvolveu-se em todas as ilhas, embora se saiba muito pouco acerca deste assunto. Na ilha do Pico a construção naval tem raízes e tradições remotas que a falta de documentação não pode desmentir. O termo batel é um exemplo, vocabulário corrente na época quinhentista e que designa uma embarcação de duas proas, que ainda hoje tem um uso generalizado nesta ilha.
 
 João Alberto das Neves, nasceu em S.Jorge, na freguesia da Urzelina, a 23 de fevereiro de 1939. Terminou a escolaridade obrigatória da época e iniciou-se com os seus tios Marcelinos, na carpintaria, começou por construir selhas e baldes. Em 1960 ainda na Urzelina começou na reparação naval com o mestre João Alvernaz, natural da freguesia da Praínha, na Ilha do Pico, fizeram uma grande recuperação da traineira Urzelina.
 
Em 1971 fixou-se em Santo Amaro do Pico, freguesia vizinha da Praínha, passando a trabalhar nos estaleiros navais do Mestre José Teixeira Costa. A primeira contrução que trabalhou aqui foi a traineira Senhora do Rosário, que custou na altura 120.000 escudos. Manteve-se a trabalhar com o Mestre Costa até 1972, tendo construido com ele 17 traineiras. No mesmo ano inicia atividade por conta própria, com estaleiro em Santo Amaro.
 
"Mestre João Alberto é um homem dotado de uma execional capacidade de trabalho e de um forte génio inventivo, qualidade que soube fortalecer com os conhecimentos adquiridos junto dos antigos construtores navais com quem trabalhou..."
 
"A sua obra é absolutamente impressionante quer pela sua qualidade rara do seu trabalho, quer pela sua dimensão..."
 
"Autor de uma obra invulgar, Mestre João Alberto continua, como sempre foi, um homem simples e humilde. Considerado e respeitado nos Açores inteiros e fora deles. Recordado com saudade e admiração por todos os que com ele trabalharam e privaram. Um açoriano genial que, sendo da ilha, é do mundo." 
 
Manuel Francisco Costa Jr.

Traineiras que o Mestre João Alberto ajudou a construir para o mestre José Costa:

 
O Mestre Alberto construiu 50 embarcações, batéis e lanchas para pesca artesanal e desportiva e 10 atuneiros de grande porte  - parte da chamada Frota Azul. Recuperou e transformou 59 embarcações, grandes e pequenas de caça à baleia, de pesca e de tráfego local.
 
Bateis e lanchas feitas de raíz por Mestre João Alberto:
 

 
 Recuperou uma variedade de embarcações, tais como: Espalamaca (uma vez em 1990 e outra em 1997); iate Santo Amaro; atuneiro Maria Leotina; Lanchas baleeiras: Rosa Maria, Cigana, Medina, Garota, Açoriana, José Alexandre, entre outras embarcações.

 
Mestre João Alberto inovou e prolongou a construção naval na ilha do Pico e Açores. Honrou e promoveu a identidade do lugar contribuindo para a sua imortalização .
 
"Na esteira da grande construção e da herança dos grandes construtores navais dos Açores, assume-se como a sua última grande referência em Santo Amaro do Pico, a capital açoriana da construção naval."


Fonte da informação: Livro: "Mestre João Alberto - No Reino dos Barcos" - Direção Regional da Cultura

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