A Viola da Terra


Trago-vos hoje uma notícia sobre arte. Raimundo Leonardes, 31 anos natural da Vila do Topo, Ilha de São Jorge é um artesão que consegue o que poucas pessoas conseguem: Construir um instrumento de belíssima sonoridade, a Viola da Terra, dar a conhecer o que sabe sobre este instrumento em termos construtivos de grande valor cultural e musical, que faz vibrar qualquer açoriano e não só...
Em Outubro passado foi convidado como orador no I Congresso de Folclore da Macaronésia no Centro Cultural em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Já tinha sido convidado anteriormente para várias palestras sobre a Viola da Terra e que poderão visualizar nos links que deixo aqui para uma melhor compreensão deste tema que está cada vez mais divulgado nos Açores depois de ter passado algum tempo quase como esquecido...
Transmito aqui o essencial do que foi dito pelo Raimundo Leonardes em relação à sua paixão, Viola da Terra e o seu percurso como artesão da Viola da Terra.

          "O fabrico de instrumentos surge à cerca de 13 anos com a construção do meu primeiro bandolim. Na altura tinha abandonado os estudos e trabalhava com meu pai na oficina de marcenaria, onde ele dava os primeiros passos na construção de Violas da Terra com a ajuda do Sr. Manuel Goulart, amigo da família à muitos anos, emigrante nos Estados Unidos e que se encontrava em São Jorge de férias. Os ensinamentos transmitidos pelo Sr. Manuel despertaram a minha curiosidade e serviram de base para a construção do meu primeiro instrumento.

A construção de instrumentos é um trabalho minucioso que requer tempo e paciência.

Numa primeira fase, a escolha das madeiras é um elemento fundamental uma vez que vai influenciar não só a estética mas também a sonoridade do instrumento.


No que toca à construção, há que ter em atenção vários factores, desde a humidade das madeiras, tipos de cola e manter um equilíbrio, por vezes difícil de encontrar, entre as espessuras muito reduzidas da madeira e a integridade estrutural do instrumento visto que está soube uma tensão muita elevada das cordas.

Um outro factor também muito importante diz respeito à afinação no qual a precisão é a palavra-chave!

A viola da terra, Viola de Arame ou também conhecida pela Viola de Corações tem a mesma origem de outras semelhantes como a viola Braguesa, Amarantina, entre outras, mas sofreu uma evolução diferente causado sobretudo pelo isolamento das ilhas e pela criatividade dos próprios construtores, o que torna o mercado limitado aos Açores, emigrantes açorianos espalhados pelo mundo e algumas pessoas fascinadas pela sonoridade da nossa Viola.

Nos últimos anos foram-me lançados alguns desafios os quais vieram trazer uma série de alterações na construção com vista a fazer face ás exigências dos nossos tocadores actuais, nomeadamente:

·        Um Projecto para a ilha Terceira que contou com a ajuda do Sr. Lázaro Silva, Professor de música na Escola Tomás de Borba.

·        Um outro Projecto para a ilha de São Miguel soube a orientação do Sr. Rafael Carvalho, também professor de música no conservatório de Ponta Delgada e responsável por diversos movimentos e eventos relacionados com a Viola da Terra.

·        E um outro Projecto também muito importante na evolução da nossa Viola orientado pelo Sr. Duarte Silveira, músico da nossa terra e um dos primeiros a levar a Viola da Terra para os grandes palcos.



Divulgação



Este investimento pessoal e profissional com vista a levar a Viola da Terra ao encontro das preferências do tocador tem vindo a demonstrar-se como um mais valia na promoção e divulgação dos meus instrumentos alargando assim um mercado já reduzido por natureza.

Conto também com uma das formas mais na moda de publicidade, uma página no Facebook a “Viola da Terra” em que coloco fotos e comentários do trabalho que vou realizando.

A participação em feiras locais e também a presença de meus instrumentos na BTL Lisboa contribuíram para a divulgação do meu trabalho.



Sugestões para potenciar a divulgação e comercialização



A participação em feiras é sem dúvida umas das melhores ferramentas para a divulgação e comercialização do nosso artesanato. Têm de haver políticas que facilitem não só a participação em Feiras Regionais mas também o acesso às  Feiras Internacionais.

Outra actividade interessante e que trouxe dinamismo à Viola da Terra foi o  “I Encontro de Violas Açorianas” realizado na ilha de São Miguel à dois anos e o "II Encontro de Violas da Terra" na Ilha do Pico em Agosto passado, que reuniu tocadores e amantes da Viola de 5 ilhas dos Açores, num convívio, partilha de ideias e técnicas que mostraram a riqueza multifacetada da Viola da Terra.

Para terminar, é importante continuar a divulgar a Viola da Terra como parte integrante da Cultura dos Açorianos!"




 http://www.facebook.com/raimundo.leonardes




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