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Madalena Costa (à direita) e Raquel Oliveira (à esquerda) |
Benditos
Pormenores é um projecto que começa agora a ganhar forma e a ter projecção
nacional. Baseado em peças fabricadas à mão e com materiais pouco usuais, este
projecto possui diversas peças muito apelativas visualmente.
Abaixo segue
uma entrevista feita pelo Diário Insular às duas intervenientes no projecto,
Madalena Costa e Raquel Oliveira.
A Benditos
Pormenores Nasceu em 2012. Que projecto é este e como nasceu?
Na
verdade, a marca Benditos Pormenores surgiu muito depois do projeto, que já
conta com mais de 10 anos. Comecei a criar colares e outras peças desde
criança, mas foi apenas quando fui estudar para Lisboa que as comecei a vender,
primeiro a amigas, depois em feiras, e finalmente abri uma loja na minha ilha.
Anos mais tarde, conheci a Kikas (Raquel Oliveira) e pouco tempo depois fomos
para o Brasil. Durante esse ano, a Kikas e eu passámos a formar uma equipa, e
assim surgiu a Benditos Pormenores.
Na Feitura das suas peças aposta nos materiais
reciclados, dos botões às tampas de garrafa. Qual é a sua preocupação na
elaboração dos trabalhos? Como é o seu processo criativo?
Atualmente a sustentabilidade
ambiental é cada vez mais uma realidade que se impõe, por isso em cada peça
aliamos a originalidade à consciência ecológica, transformando o desperdício em
beleza, o velho no novo. O meu processo criativo é espontâneo. Apesar de fazer
alguns esboços da peça, tendo a deixar a criatividade brotar momentaneamente.
Mesmo quando recebemos encomendas, muito dificilmente prevejo como ficará a
peça.
As peças fabricadas à mão e a partir de materiais
reciclados podem ser consideradas de valor acrescentado? Porquê?
As peças
artesanais, por si só, já têm um valor acrescentado, pois não são feitas em
série e o tempo despendido em cada peça é, seguramente, acima do das peças
fabricadas em série. A utilização de materiais reciclados, numa altura como
esta poderá, sim, ser uma mais valia, contudo não creio que será esse o motivo
para a peça ficar mais dispendiosa, mas sim o facto de ser feita
artesanalmente. No nosso caso, para além das peças serem todas feitas à mão,
acresce o facto de não haver peças repetidas. A certeza que o cliente tem de
que a sua peça é única é relevante e por essa razão o valor é um pouco acima da
média.
As suas peças já têm, inclusive, projecção nacional.
Como é o vosso trabalho de promoção? É fácil fazê-lo a partir dos Açores?
Por vivermos
na era da internet, estarmos nos Açores ou noutra parte qualquer do mundo,
acaba por não fazer muita diferença. A nossa presença faz-se sentir, acima de
tudo, através do Facebook. É o meio ideal para que as nossas clientes possam
acompanhar as novidades, bem como para termos o seu feedback. A blogosfera tem
também contribuído bastante para a nossa divulgação. No entanto, para termos a
projeção nacional, que começamos a ter, temos que batalhar, entrar em contacto
com as pessoas que achamos que têm o perfil ideal para promover as nossas
peças, tais como as apresentadoras Diana Bouça-Nova e Inês Folque, a atriz
Dânia Neto e a relações públicas Bárbara Taborda.
As peças da Benditos Pormenores são visualmente
apelativas. Que tipo de cliente utiliza os seus trabalhos?
A Benditos
Pormenores é para todos os tipos de mulher, sendo cada uma das suas peças para
uma mulher em particular. As peças da Benditos Pormenores, são visualmente
apelativas e diferentes, havendo simultaneamente um produto diversificado que abrange
vários gostos e disposições. Há peças mais sóbrias e outras mais radicais e
divertidas. Há peças simples e há peças extravagantes. Uma coisa todas têm em
comum: a originalidade. Mesmo a peça mais simples tem um detalhe inesperado. Às
vezes ficamos surpreendidas com as nossas clientes. Recentemente, houve uma
senhora que pediu para fazermos uma peça para a sua mãe que fazia 60 anos.
Deu-nos carta branca para arrojar, pois tratava-se uma senhora que normalmente
extravasa nos acessórios. Criámos uma peça com cápsulas Nespresso, escamas de
peixe e legos. Recebemos uma reação muito positiva, quer da cliente que
encomendou a peça, quer da pessoa que a recebeu.
O chamado Artesanato
Urbano começa agora a estar em voga na Terceira. Há mercado para este tipo de trabalhos?
É uma boa aposta para futuros empreendedores?
Sendo este o nosso projeto, acreditamos que é uma boa aposta, claro. A nossa
geração cresceu na era da produção em massa e numa cultura de desperdício. As
pessoas começam a procurar peças de artesanato diferente. Todas as pessoas
gostam de ter peças únicas e exclusivas e é exatamente assim que nós
trabalhamos. Por outro lado, cada vez mais se vê pessoas a fazerem escolhas com
base nos valores que têm. Se o mercado da energia e da alimentação se tem vindo
a alinhar com o valor da preservação do ambiente, por que não o da moda também?
É pelo facto da atenção dada a cada peça única e da associação aos valores que
marcam a nossa geração, que o artesanato que criamos tem potencial. Por essa
mesma razão, no início do próximo mês abriremos uma nova loja com mais três
pessoas, em Angra do Heroísmo, chamada "o Atelier". Todavia, se nos
cingirmos apenas ao mercado local, corremos o risco deste ficar saturado. Por
isso não só procuramos alargar a nossa presença a todo o país, como tencionamos
também alcançar o mercado internacional.
Fonte: Diário Insular