Manuel Alegre - Ilha do Pico

Para Refletir

Pode escrever-se um poema com basalto
com pedra negra e vinha sobre a lava
com incenso mistérios criptomérias
e um grande Pico dentro da palavra.
Ou talvez com gaivotas e cigarros
cigarras do silêncio que se trilha
sílaba a sílaba até ao poema que está escrito


12/4/97, in "Pico", Manuel Alegre

Eu vi os barcos parados prisioneiros
na sede de um museu. E os arpões
pendurados. E gravadas
em dentes de baleia as passadas navegações
dos velhos baleeiros.

E vi os olhos daquele que falava
da última baleia como quem
remasse ainda sobre a onda brava
para um mar onde nunca mais ninguém.


(Manuel Alegre, In. Pico)


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