As fibras
vegetais constituíram, tal como a madeira, um dos primeiros recursos naturais
ao alcance dos povoadores do Arquipélago dos Açores. Eram facilmente obtidas a
partir de junco, da cana de bambu, da espadana, do vime e do dragoeiro. Mas a
agricultura fornecia indirectamente outros elementos vegetais como a folha de
milho e a palha de trigo. De entre os variados objectos produzidos a partir das
fibras vegetais, os cestos assumem o principal papel. A arte da cestaria fez
parte do quotidiano de todas as civilizações que fizeram depender a sua
sobrevivência da terra e do mar, apresentando sempre um carácter
multifuncional, actualmente ainda mais diversificado e decorativo.
Inicialmente, a forma do cesto
estava directamente relacionada com a sua funcionalidade, sendo por isso
determinante a escolha de materiais resistentes e duradouros como o vime.
Alguns aspectos mantêm-se ainda hoje inalteráveis e permitem distinguir a
cestaria tradicional dos Açores: a utilização predominante do vime, desde
sempre cozido nas caldeiras vulcânicas, a técnica artesanal de “armar” um cesto
e as suas características formais. Contudo, não é fácil estabelecer uma
tipologia para a cestaria açoriana, já que cada ilha do Arquipélago apresenta
as suas diversidades regionais. Comum a todas as ilhas e testemunho valioso da
cestaria tradicional dos Açores, do ponto de vista histórico, é a “sebe” do
carro de bois e o “seirão”, cilíndrico, grosseiro e alto que, aos pares, é
transportado por animais com produtos agrícolas.
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