Dia de Todos os Santos
Nos primeiros séculos da era cristã, o culto de louvor aos santos resumia-se unicamente aos mártires, que usufruíam da veneração dos fiéis, com as celebrações em sua intenção a terem lugar nos subterrâneos das catacumbas e no interior das primeiras basílicas. Em Antioquia, o primeiro domingo de Pentecostes ou o domingo imediato era reservado à consagração de todos os mártires em comum, culto que se estendeu ao Ocidente, dedicado depois a todos os mártires e também aos Apóstolos e aos anjos. No início do século VII (609), quando o papa Bonifácio IV recebe e santifica a propriedade do Panteão do Campo de Júpiter
ou de Marte (templo mandado construir por Vipsânio Agripa, general romano, ministro e genro do imperador Augusto, encerrado ao culto desde o século v), toma a iniciativa de que o famoso panteão seja dedicado à Virgem Maria e a todos os cristãos já canonizados. Enquanto não se procedeu à sua beatificação, eram adorados no panteão romano o Sol e os cinco planetas até aí conhecidos, símbolos dos deuses pagãos. Um ano depois, a 13 de Maio, para assinalar essa dedicação, realiza-se a primeira festa litúrgica em comemoração de todos os santos em geral.
De acordo com a tradição, os primórdios da festa (Idade Média) prendem-se também com o facto da Igreja poder ter esquecido durante o ano, nas suas celebrações, o nome de algum santo e de omitir aqueles que não figuravam no calendário litúrgico, aos quais correspondiam algumas festividades de cariz particular a eles consagradas, corrigindo desta maneira essa falta - além de se admitir que a celebração traria benefícios graças à intercessão de todos os santos junto de Deus, devido às orações que lhes eram dedicadas neste dia pêlos fiéis.
Designado primitivamente dia de Nossa Senhora dos Mártires, a data foi celebrada durante mais de dois séculos no dia 13 de Maio com um ofício próprio, enquanto por volta de 737 passa a ser incluída no cânone da missa uma alocução dedicada a todos os santos. Ainda no século VIII (741), Gregório III manda erigir na Basílica de São Pedro, em Roma, uma capela dedicada ao Divino Salvador, a sua Santíssima Mãe, aos Apóstolos e a todos os mártires e confessores, dando-se assim um maior impulso à Festa de Todos os Santos. No século IX (835), a data desta festa religiosa é então fixada no dia l de Novembro pelo papa Gregório IV, que de há muito vinha pressionando Luís I, o Piedoso, rei de França, de modo a emitir um decreto que oficializasse a celebração. Com efeito, a partir de 837, por decreto real, a data da festividade no dia l de Novembro torna-se universal, constituindo uma das maiores solenidades para toda a Igreja Cristã.
No final do século X, Santo Odilão ou Odilon, quarto abade de Cluny (994-1048), junta às celebrações em louvor dos santos algumas orações em favor do descanso eterno dos defuntos. Esta introdução levou mais tarde a que se procedesse à separação das duas datas, vindo o dia l de Novembro a ser consagrado a todos os santos da Igreja Católica, enquanto o dia 2 passou a ser dedicado exclusivamente aos fiéis defuntos.
«Pão por Deus» - O manjar das almas
A tradição do "Pão por Deus" ou "Bolinho" está relacionada com a crença de que as almas das pessoas, ao morrerem, passam primeiro pelo Purgatório antes de entrarem no paraíso. Com o objectivo de aliviar e reduzir o tempo desta passagem pelo Purgatório, os cristãos foram desenvolveram algumas práticas rituais.
Assim vamos encontrar no dia de Todos os Santos a prática de pedir de porta em porta o «Pão por Deus» em que as crianças (e antigamente os pobres) representam as almas do Purgatório. O Pão por Deus é, assim, não só uma oferta que se dá por intenção dos defuntos mas também uma dádiva às próprias almas, afirmando o povo que por cada bolo por eles comido (crianças e pobres) há uma alma que se livra do Purgatório.
Que dizer no "Pão por Deus"
Ao pedir o "Pão por Deus", cantam-se
seguintes cantilenas enquanto se anda de porta em porta:
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