Partiu
Partiu, e eu encostada ao parapeito
Do caes onde lhe disse o último adeus
Nem resistia ao temporal desfeito
Que vinha marejar os olhos meus.
Do caes onde lhe disse o último adeus
Nem resistia ao temporal desfeito
Que vinha marejar os olhos meus.
Partiu! Quando saltava para o barco,
Como rola que um tiro derrubou,
Como o lírio que tombou sobre o charco,
Olhou-me inda uma vez e então... chorou!
Como rola que um tiro derrubou,
Como o lírio que tombou sobre o charco,
Olhou-me inda uma vez e então... chorou!
E as lágrimas jorrando dos meus olhos,
Resvalaram até cair no mar,
Formosas como as flores entre abrolhos,
Ardentes como as luzes d'um altar.
Resvalaram até cair no mar,
Formosas como as flores entre abrolhos,
Ardentes como as luzes d'um altar.
E então foi que senti fechar-se a porta
Pela qual entrevia o azul dos céus,
E vi minha esperança cair morta
No dia em que lhe disse o último adeus!
Pela qual entrevia o azul dos céus,
E vi minha esperança cair morta
No dia em que lhe disse o último adeus!
Alice Moderno,
Aspirações: primeiros versos,
Ponta Delgada, Typ. Popular, 1886
Aspirações: primeiros versos,
Ponta Delgada, Typ. Popular, 1886
Alice Moderno
(Paris, 1867 - Ponta Delgada, 1946).
Escritora,
poetisa e jornalista. Nasceu em Paris, mas com a idade de 12
anos mudou-se com a família para os Açores. Distinguiu-se
como feminista e ativista dos direitos dos animais, tendo
fundado a Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, pioneira na proteção
dos animais nos Açores. Assumiu-se, muito nova, como mulher
emancipada em ostensivo desafio aos costumes conservadores da
época.
Na
sua obra literária sobressai, pela extensão, a poesia: “Aspirações” (1886);
“Trilos” (1888); “Os Mártires do Amor” (1894), “Asilo
da Mendicidade “(1897); “No Adro” (1889), “Os Mártires” (1904);
“Mater Dolorosa” (1909); “Versos da Mocidade” (1911).
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