Desde os seus primórdios, a
prática vinícola foi acompanhada pela construção de uma colossal estrutura
reticula de muros, bem como pela edificação de um diversificado património
arquitetónico, associado às vivências e crenças da população, bem como às exigentes
necessidades produtivas, a saber: poços-de-maré, casas solarengas, casas
conventuais, ermidas, adegas, alambiques, armazéns, rola-pipas e portos.
Desta forma, a paisagem da vinha
da ilha do Pico é profundamente marcada não só pela sua dimensão natural, mas
fundamentalmente pela sua dimensão cultural, mais concretamente pela
impressionante malha ordenada de currais e pedra construídos.
Os muros construídos em basalto
recolhido no local da sua edificação, foram levantados, pedra sobre pedra, com
o objetivo de proteger os vinhedos dos ventos fortes vindos de todos os
quadrantes, bem como do rossio do mar que tão próximo se encontrava. Assim a
edificação dos currais foi pautada por princípios de maximização do uso do
terreno, facilitação dos trabalhos de manutenção e equilíbrio entre a proteção
da cultura, seu arejamento e exposição aos raios solares, fundamentais para a
maturação do fruto.
Na costa Norte da ilha, caraterísticas
climáticas distintas conduziram ao desenvolvimento, em paralelo com a cultura da
vinha, de uma próspera cultura de figueira, sendo o fruto utilizado para a
produção de aguardente.
Desta forma e visando a proteção
das figueiras, foram construídas diversas tipologias de currais (circulares e
retangulares), predominando os do tipo semicircular.
De acordo com o Dr. Tomás Duarte
Junior, no seu livro editado em 2001 – “ O Vinho do Pico”, se os muros de pedra
negra fossem dispostos de forma contínua, teriam uma extensão equivalente a
duas vezes o perímetro da Terra, medido sobre a linha do Equador.
Fonte: Guia do Património
Cultural Pico Açores
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