Há uns anos atrás havia
um rapaz da Fajã Grande, nas Flores, que estava a namorar com uma
rapariga órfã de pai e que vivia só com a mãe. Ele, depois de acabar o
trabalho, lavava-se, mudava-se de roupa, ceava e ia fazer serão para casa da
namorada. Falavam de tudo. Do que ia ser a sua vida, de como ia ser a sua casa
e outras vezes contavam histórias. Um dia, começaram a falar de feiticeiras. O
rapaz ria e brincava:
- Feiticeiras!? Agora...
Quem me dera ver uma!
- Não digas que não há,
olha que é certo! - Insistia a rapariga.
- Sim, sim… tu é que és
a minha feiticeira! - Concordava o rapaz para não discutirem.
No entretanto o tempo ia passando. Chegada a hora, o rapaz despediu-se e saiu para o escuro da noite. Quando já tinha andado um bocado de caminho e estava quase a chegar a casa, duas cabras saíram dum pátio e deram um salto para a frente dele.
No entretanto o tempo ia passando. Chegada a hora, o rapaz despediu-se e saiu para o escuro da noite. Quando já tinha andado um bocado de caminho e estava quase a chegar a casa, duas cabras saíram dum pátio e deram um salto para a frente dele.
- Ó diabo, pois eu fui
deitar vocês na rocha, vocês até agora nunca saíram de lá e como é que estão
aqui?! - Disse o rapaz, julgando, com o escuro, que eram as suas duas
cabrinhas.
Tentou apanhá-las para as amarrar, mas, os animais, que eram habitualmente mansos, davam um salto e ficavam adiante e ele não conseguia pôr-lhes a mão. Já estava a ficar aborrecido e, como estava ao pé do portão de casa, pegou num buxeiro que era do pai e estava ali ao pé da parede. Passou-o a uma das cabras, fincou-lhe a pele, fez-lhe sangue e logo ela se transformou na namorada. O rapaz não podia acreditar no que via e disse:
Tentou apanhá-las para as amarrar, mas, os animais, que eram habitualmente mansos, davam um salto e ficavam adiante e ele não conseguia pôr-lhes a mão. Já estava a ficar aborrecido e, como estava ao pé do portão de casa, pegou num buxeiro que era do pai e estava ali ao pé da parede. Passou-o a uma das cabras, fincou-lhe a pele, fez-lhe sangue e logo ela se transformou na namorada. O rapaz não podia acreditar no que via e disse:
- Oh! Vai-te com o
diabo!... E olha que é verdade que há mesmo feiticeiras. E logo quem... Vai-te
embora que não quero mais saber de ti!
- Não, não é assim, tu
tens que me ir pôr em casa! - Respondeu a rapariga decidida...
O rapaz teimou que não ia, que o que queria era vê-la longe, que nunca mais punha os pés em casa dela. Mas, por fim, não teve remédio senão concordar. Ela então disse-lhe:
O rapaz teimou que não ia, que o que queria era vê-la longe, que nunca mais punha os pés em casa dela. Mas, por fim, não teve remédio senão concordar. Ela então disse-lhe:
- Vira-te para trás!
Ele virou-se e ficou
logo à porta da casa da rapariga. Voltou para sua casa e todo o caminho veio
maldizendo a sua vida e o que lhe havia de ter acontecido. Nunca mais quis
saber de tal mulher, mas ela perseguia-o sempre e assim aconteceu até ao fim da
vida.
Fonte : Ângela Furtado Brum
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