A montanha vulcânica Monte Gordo, na ilha do Corvo, nos
Açores, denominada de Caldeirão, está a perder água devido a um processo de
erosão que gerou fendas nos seus flancos noroeste e oeste.
"A caldeira do vulcão apresenta flancos de declives
muito agudos, principalmente a noroeste e a oeste, resultantes da ação intensa
de processos erosivos, quer marinhos, quer dos ventos", disse hoje à
agência Lusa o diretor do Parque Natural do Corvo, Fernando Ferreira.
A caldeira do Corvo tem um perímetro de 2,3 quilómetros e
uma profundidade de 320 metros, sendo o seu interior ocupado por vários cones
que os populares afirmam representar cada uma das nove ilhas dos Açores, bem
como por salpicos de lava.
A par da erosão marinha, a ilha do Corvo enfrenta ventos
de noroeste e oeste que "acabam por afetar as vertentes do vulcão",
agora "parcialmente perturbadas no flanco sul".
O responsável referiu que este é um processo "muito
lento" de fustigação, que tem ocorrido ao longo de centenas de milhares de
anos, e, há cerca de 20 anos, começou a provocar a abertura de fissuras por
onde a água das lagoas do Caldeirão "está a perder-se".
"Em pleno inverno não se sente grande diferença, uma
vez que chove muito e o Caldeirão mantém o elemento água que lhe dá encanto,
mas no período de verão, em que a chuva escasseia, por vezes, como dizem os
antigos, o caldeirão teria mais água", afirmou.
Fernando Ferreira declarou que o fenómeno "está
estudado" pela Universidade dos Açores, bem como pelos serviços de
recursos hídricos do Governo Regional, cujos técnicos se deslocaram ao local
"por diversas vezes" e "perceberam que nada pode ser feito,
porque é um fenómeno natural".
"Este é um processo que está em franco
desenvolvimento e a erosão não dá tréguas", sublinhou.
Fernando Ferreira adiantou que, ao longo de centenas de
milhares de anos, a ilha do Corvo, que teria 28 quilómetros quadrados, com base
em estimativas baseadas em estudos geológicos, apresenta 17 quilómetros na
atualidade.
"Porque a ilha não tem atividade vulcânica, as
encostas vão sofrendo a erosão. Não sabemos se o processo vai estagnar ou terá
uma evolução mais grave que fará o fenómeno atingir outras proporções",
disse, para acrescentar que existem nascentes e poços no interior que têm
ajudado a manter a água na caldeira.
Fonte: Jornal Diário De Notícias
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