O milho, introduzido nos Açores a partir do século XVI e
muito utilizado na ilha de S. Miguel, deu origem a um processo de reutilização
de desperdícios na confecção de artigos de utilidade doméstica e até de
entretenimento infantil. A criatividade produtiva artesanal estava directamente
ligada a uma economia de subsistência, em que nada se perde. Da debulha deste
cereal, aproveita-se todo o resto, selecionando cuidadosamente os diversos
materiais: as folhas “brancas”, as folhas “escuras” e as “barbas” do milho.
Depois de escolhidas, as folhas são secas e, quando necessário, ripadas e, por
vezes ainda, tingidas.
As bonecas de folheto são o exemplo com maior sucesso do aproveitamento da folha de milho, sendo actualmente peças emblemáticas do artesanato micaelense. Neste caso, existe a preocupação de seleccionar as folhas mais brancas e de utilizar as “barbas” para reproduzir o cabelo da boneca. Com o auxílio da tesoura, cola, e imaginação, criam-se pequenas figuras representativas da vida rural, como por exemplo a mulher do campo, da vida religiosa, como é o caso das figuras do presépio ou até da vida quotidiana, proporcionando ao mercado turístico uma colecção genuína de souvenirs.
Os capachos de folha de miho são também muito
característicos da ilha de S. Miguel. Mais uma vez s folhas são escolhidas,
separando-se a chamada folha branca, que era seca, ripada e tingida aos molhos.
A folha de milho mais escura era molhada para fazer a trança na qual se cosiam,
com fio de espadana, as folhas brancas ou coloridas, desenhando motivos geométricos
simples, mas muito coloridos, bem ao gosto da tradição popular nos Açores: o
cor-de-rosa, o verde e o amarelo. Na base, é sempre uma longa trança que lhes
dá forma circular, oval ou rectangular.
Fonte: Artesanato dos Açores
Sem comentários:
Enviar um comentário