As monumentais pirâmides de basalto negro que caraterizam a paisagem local, sobretudo a noroeste do imponente cone vulcânico da Ilha do Pico estão a ser alvo de uma investigação arqueológica. As semelhanças inequívocas entre os maroiços madalenenses e outras estruturas piramidais encontradas na Ilha da Sicília, em Itália, e na Ilha de Tenerife, nas Canárias, despertaram a curiosidade de uma equipa de investigadores da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA).
O objetivo desta investigação aos maroiços é, numa fase preliminar, realizar um inventário histórico e arqueológico, de forma a datar as estruturas e a pugnar pela sua preservação, perpetuando a sua memória através dos tempos.
“É fulcral situar cronologicamente a construção dos maroiços – não das estruturas mais simples, que evidenciam uma edificação recente, mas das estruturas complexas com caraterísticas sui generis. Em Itália e em Espanha, as sondagens e a recolha de materiais arqueológicos em complexos extremamente semelhantes a estes já possibilitou uma datação, que aponta para a Idade do Bronze e Idade do Ferro”, referiu Anabela Joaquinito, investigadora da APIA, em declarações ao programa “Reflexos de um Município”.
Ao longo do estudo realizado, vários factores despertaram a curiosidade dos investigadores, nomeadamente a descoberta de espaços no interior de alguns maroiços, bem como a disposição simétrica e orientada de mais de meia centena destas construções basálticas.
“A grande questão é saber se no século XV ou XVI se construiu estruturas com 15 metros, nalguns casos com 20 metros, e o porquê de as disporem de forma tão complexa. Outro aspeto curioso é o fato de algumas terem câmaras no seu interior com formatos pouco pragmáticos para a prática agrícola”, refere Nuno Ribeiro, arqueólogo da APIA.
Com o fito de aprofundar o estudo, a equipa de investigadores da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica pretende voltar à Ilha do Pico, este verão, de forma a prosseguir a análise histórica, etnográfica e arqueológica, colocando a hipótese de avançar para uma pesquisa mais profunda, através de sondagens de forma a encontrar material passível de ser datado.
“Boom” turístico
Considerados património da humanidade, os maroiços, pela sua beleza caraterística, desde sempre despertaram a curiosidade de visitantes e locais. Para Romeo Hristov, professor da Universidade do Texas, não restam dúvidas que a divulgação do estudo realizado até ao momento, e que conta com o apoio da Câmara Municipal da Madalena, vai revolucionar o universo científico, colocando Ilha do Pico no epicentro da investigação arqueológica neste ramo.
Com paralelos noutros pontos do globo, as monumentais pirâmides basálticas do Pico prometem seduzir os mais céticos, num arquipélago com remanescências lendárias - qual Atlântida perdida - onde a fantasia e a história se entrelaçam de forma tão intensa, que se torna difícil descortinar onde começa a ciência e acaba o mito.
Fonte: https://www.facebook.com/pages/C%C3%A2mara-Municipal-da-Madalena/158913620925764
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