Em 1841, houve um sismo na Ilha Terceira que destruiu
parte do concelho da Praia da Vitória, principalmente na zona do Ramo Grande. Este
é um ponto de viragem para a indústria da telha da ilha terceira. Este fenómeno
natural desencadeou repentinamente intensa procura de telha local para a
construção e reedificação de casas outrora com telhados de colmo. A procura
excedeu a oferta pois nem a produção de todos os telhais terceirenses nem das
restantes ilhas era suficiente para satisfazer as necessidades sendo necessário
comprar e importar ao reino 100 000 telhas. Tamanha necessidade desencadeou e
impulsionou a produção de telha no concelho da Praia da Vitória que no ano de
1887 já contava com cinco telhais a laborar e cuja extracção de barros se
verificava localmente. Vivia-se o período áureo da indústria da telha.
Mais tarde, na década de 40 do século XX, a indústria
apresentava sinais de declínio. Após a época áurea em que a procura da telha excedia
a oferta, na década de 40 somente se mantinham em funcionamento três fábricas
de telha na Praia da Vitória, que acabaram por terminar de laborar telha por
terem ficado totalmente destruídos no violento sismo de 1 de Janeiro de 1980.
No
entanto, persistiram a produção outras pequenas olarias produtoras de telha na
ilha Terceira, como em Angra do Heroísmo “Olaria das Bicas” na Canada do
Barreiro, na freguesia da Conceição, cujo proprietário era João Gonçalves Toste
ou “João Bicas”. Na Freguesias dos Altares havia a olaria “ Telhal Nossa
Senhora do Carmo”, cujo proprietário é o Sr. Joaquim Coelho Parreira “Joaquim
Frade”, aposentado.
Actualmente
a única olaria que produz telha é a “Olaria da Canada do Laranjo” cujo
proprietário é o Sr. Hermínio da Cunha Cordeiro, aposentado. Actividade é mantida
pelas mãos de seu filho Braúlio Cordeiro, o único artesão a laborar telha na Terceira,
mas não como actividade exclusiva. Este artesão só produz telha por encomenda
por já não ser um negócio tão rentável como outrora face á concorrência de
telha importada e feita por métodos industriais. Esta pequena empresa artesanal
corre o risco de fechar e assim extinguir-se uma das últimas fábricas de telha
artesanal no território regional.
Texto de: André Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário