O Wine in Azores, festival de vinhos, peixes e carnes do Açores foi
aproveitado para apresentar as novidades dos vinhos açorianos. E se no que
respeita aos vinhos de mesa há brancos como o Frei Gigante ou o Terrantez do
Pico, que bem ilustram a excelência do trabalho dos enólogos Maria Alvares e
António Maçanita, é no campo dos licorosos que a região tem uma longa tradição.
No jantar de inauguração do evento foram apresentadas as novas colheitas de
dois vinhos históricos do Pico: o verdelho da Adega Buraca, na linha da
tradição que expressa o calor e robustez das condições em que é criado, e o
Czar de 2008, que se revelou um vinho de uma qualidade e características
extraordinárias.
Único e extraordinário não só pelas características da vinha onde nasce -
os típicos currais do Pico, classificados como património UNESCO -, mas pelo
raro equilíbrio de doçura, acidez, estrutura e elegância que exibe. Acresce que
tudo isto resulta apenas das condições naturais da vindima e é um vinho feito
por métodos tradicionais, que atinge um grau alcoólico acima dos 18%, com
acidez e doçura extraordinárias. E sem interrupção da fermentação com a adição
de aguardentes, tal como acontece com a generalidade dos licorosos.
Quer isto dizer que, fruto das particulares condições da vinha, com
humidade da proximidade ao mar e a concentração de temperaturas por efeito dos
solos de lava, o grau de maturação atingido na vindima de 2008 fez com que a
generalidade das uvas tivesse chegado à adega com um grau de álcool provável
acima dos 20%. "Alguns lotes de Verdelho chegaram até a passar os
24%", como explicou o produtor, Fortunato Garcia, que gosta de classificar
o vinho como tratando-se de "um fenómeno da natureza". Uma jóia,
também pela reduzida produção (não chegará às mil garrafas), que vale a pena
guardar e que ficará certamente na história dos vinhos dos Açores.
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