Domingos Rebêlo, retrato de João Soares Cordeiro. Óleo
sobre tela, 1912 (Museu Carlos Machado).
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Domingos Maria Xavier
Rebêlo nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, a 3 de Dezembro de 1891.
Desde muito novo revelou talento para o desenho e para a pintura. Com apenas
treze anos de idade iniciou-se publicamente no mundo das artes como amador. Tal
fato mereceu a atenção dos Condes de Albuquerque que viriam a custear os seus
estudos em Paris. Foi aluno de Viçoso May, então diretor da Escola de Artes e
Ofícios Velho Cabral e que soube acalentar os seus dotes artísticos ainda em
embrião.
Aos quinze anos partiu
para Paris onde frequentou a Academia Julien e Curso Livre na Grand Chaumière,
tendo sido, na primeira, discípulo de Jean-Paul Laurens. Aí viveu seis anos,
convivendo com outros nomes da pintura portuguesa como Amadeu de Sousa Cardoso,
Santa Rita, Dórdio Gomes, Eduardo Viana, Manuel Bentes, Pedro Cruz e outros, no
ambiente em que se fazia sentir a originalidade dos modernistas Cèzanne,
Matisse e Modigliani. Foi nesse meio artístico que Domingos Rebêlo aperfeiçoou
a sua incipiente formação técnica.
Em 1913 estava de
regresso à sua ilha natal onde permaneceu trinta anos, deslocando-se de vez em
quando a Lisboa, participando com regularidade nas exposições anuais da
Sociedade Nacional de Belas Artes. Das obras aí apresentadas, três foram
adquiridas para o Museu de Arte Contemporânea e uma o retrato do Marechal Gomes
da Costa - para o Museu da Marinha. Alcançou os prémios Silva Porto, Rocha
Cabral e Roque Gameiro e a Medalha da Sociedade Nacional de Bela Artes em 1925,
com o retrato de Viçoso May.
Em 1920, com vinte e oito
anos, deslocou-se ao Brasil onde foi distinguido com a medalha de prata numa
exposição individual efectuada no Rio de Janeiro.
Em 1939, na Exposição
Internacional de São Francisco, foi distinguido com a aquisição do quadro que
apresentou no certame organizado pela Business Machine Corporation e que reuniu
representantes de 79 países.
Durante a maior parte da
sua vida em Ponta Delgada, residiu na antiga Rua Papa Terra, em frente à Escola
que hoje ostenta o seu nome, a atual Escola Secundária Domingos Rebêlo, desde 1
de Janeiro de 1979 - em três momentos distintos se fez sentir a presença do
pintor: primeiro como aluno, depois como professor e ainda como diretor. Foi
ainda professor de desenho do então Liceu Nacional de Ponta Delgada.
Em 1942 Domingos Rebêlo
estabeleceu-se definitivamente em Lisboa, onde completou a obra a fresco
iniciada pelo pintor Sousa Lopes (quatro dos sete painéis que decoram o Salão
Nobre da Assembleia da República).
Em 1950 percorreu várias
cidades italianas como bolseiro do Instituto de Alta Cultura. De regresso a
Lisboa pintou os frescos da Igreja de São João de Deus e ainda inúmeros quadros
hoje espalhados por museus, Igrejas e casas particulares no Continente. Voltou
por várias vezes aos Açores para executar obras encomendadas por instituições
públicas ou particulares, como os frescos que servem de fundo às salas de
audiência dos Tribunais de Angra do Heroísmo e de Ponta Delgada.
Fazem parte da obra do
artista composições para tapeçarias que figuram na cidade universitária de
Coimbra, bem como miniaturas em barro de cariz etnográfico que se encontram no
Museu de Ponta Delgada. Foi diretor da Biblioteca e Museu do Ensino Primário em
Benfica.
Expôs no Estoril onde
obteve a 1ª medalha em aguarela.
Foi membro da Sociedade
Nacional de Belas Artes de que foi diretor e vogal da Academia Nacional de
Belas Artes entre 1947 e 1970 e a partir dessa data vogal honorário. Domingos
Rebêlo faleceu em Lisboa no dia 11 de Janeiro de 1975.
Uma das obras mais emblemáticas do pintor, “Emigrantes”
óleo s/tela, 1926 (Col. Museu Carlos Machado).
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Fonte das imagens: http://domingosrebelo.com/
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