A classificação da vinha do Pico como património da humanidade, há dez
anos, é hoje considerada uma "aposta ganha" pelos habitantes da ilha
açoriana, mas nem sempre foi esse o sentimento, revela o documentário
"Currais de Pedra".
“As pessoas, há cerca de cinco anos, estariam a pensar se o processo
valeria a pena ou não. Hoje, dez anos depois, as pessoas do Pico, aquelas que
mantêm aquele património e a sua paisagem, nomeadamente, os vitivinicultores,
já reagem de outra forma e perceberam que o que foi feito foi uma mais-valia”,
disse à agência Lusa o responsável pelo documentário, Paulo Henrique Silva.
O documentário do coordenador do portal “Sentir e interpretar o ambiente
dos Açores” vai ser exibido hoje, pela primeira vez, no âmbito de um colóquio
que pretende assinalar, este fim-de-semana, no Pico, a primeira década da
efeméride.
O colóquio coincide com a data da classificação da paisagem da vinha do
Pico por parte da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura) como património da humanidade, sendo promovido pela
Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais do Governo dos Açores.
Paulo Henrique Silva, com base nos registos realizados, refere que começou
por haver na ilha uma reação negativa à classificação da vinha do Pico, devido
à implementação de regras que visam a proteção da paisagem.
“Pretende-se refletir com esta iniciativa o que aconteceu nestes dez anos
e, sobretudo, como é que os homens e as mulheres, vitivinicultores, têm reagido
à designação de património mundial”, declara o autor do documentário.
Paulo Henrique Silva considera que o documentário, produzido para a Direção
Regional do Ambiente, foi uma forma de ouvir as pessoas, partilhar
conhecimentos e fazer o registo antropológico do tempo que entretanto decorreu.
“É importante, de dez em dez anos, ou de 15 em 15 anos, fazer um registo
sobre o que as pessoas pensam sobre uma obra de grande dimensão que é
património da humanidade, ou seja, a vinha do Pico”, refere.
A vinha do Pico produz vários vinhos, entre os quais o verdelho, que já foi
servido à mesa dos czares da Rússia.
A Cooperativa Vitivinícola da ilha do Pico labora cerca de 90% das uvas que
saem da zona classificada, produzindo três marcas de vinho.
Desde 1460 que as vinhas de verdelho são plantadas em solo batido de rochas
vulcânicas da ilha do Pico.
Em Portugal existe apenas mais uma zona com a mesma classificação por parte
da Unesco o Douro, e em todo o globo são cerca de dez.
Desde junho de 2010 que o Pico, ilha onde vivem cerca de 15 mil habitantes,
conta com um Centro de Interpretação dedicado à paisagem da cultura da vinha.
http://www.acorianooriental.pt/noticia/documentario-regista-dez-anos-da-classificacao-pela-unesco-da-vinha-do-pico
Sem comentários:
Enviar um comentário