Já
no século vinte, o povo do lugar da Fazenda das Flores andava muito
entusiasmado porque estava finalmente a realizar um sonho já velho: construir a
sua igreja dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. Tinham escolhido um lugar
alto e vistoso, de onde se podia espreitar quase todas as casas do lugarejo ou
os terrenos verdes salpicados do azul das hortênsias na Primavera e Verão ou
ainda ver o mar até ao horizonte distante.
Andavam todos muito cansados porque tinham de fazer os seus trabalhos nas
terras e ajudar nas obras da igreja. Não havia água nas redondezas, o que
dificultava ainda mais os trabalhos. Enquanto os homens iam levantando as
paredes com os mestres, as mulheres e as crianças faziam grandes cortejos e
partiam de latas e potes à cabeça para a Ribeira de Além. De lá traziam,
com grande sacrifício, a água que os homens precisavam para ir fazendo a
argamassa. Várias vezes durante a viagem, debaixo de um calor intenso, as
mulheres pediram a Nossa Senhora de Lourdes que lhes deparasse água.
Uma certa noite, enquanto todos dormiam profundamente e descansavam de um
dia de muito trabalho, a água brotou e começou a correr com abundância ao pé do
lugar onde estavam a levantar as paredes da igreja.
De manhã, ao chegarem, os trabalhadores ficaram maravilhados com o que
tinha acontecido e as pessoas da Fazenda, animados na sua fé, trabalharam ainda
com mais vontade, até que por fim a nova e linda igreja abriu ao culto.
A água continuou a correr numa fonte debaixo da sacristia da igreja de
Nossa Senhora de Lourdes. Os florenses começaram a sentir uma veneração muito
especial por esta água fresca e cristalina que curou muitas doenças às pessoas,
algumas vindas de freguesias distantes só para beber a milagrosa água de Nossa
Senhora de Lourdes.
Fonte:Biblio Furtado-Brum
Sílvia Vieira
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